Teste de gravidez para cegas: inovação que devolve independência

Publicado por Luana Oliveira em 29/08/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.

O teste de gravidez AMY, criado para mulheres cegas, oferece resultados por toque, visão e som, promovendo autonomia na descoberta da gravidez. Outros protótipos também ampliam a acessibilidade para gestantes com deficiência visual.

Descobrir a gravidez é um momento único e especial para muitas mulheres, repleto de emoções e expectativas. No entanto, para aquelas com deficiência visual, essa experiência pode ser marcada por desafios adicionais. Muitas vezes, essas mulheres dependem de terceiros para interpretar os resultados dos testes de gravidez, o que acaba retirando a privacidade e a autonomia nesse momento tão íntimo.

Pensando nessa realidade, surgiu o AMY, um protótipo inovador de teste de gravidez baseado na saliva, desenvolvido especialmente para mulheres cegas ou com baixa visão. Criado por Leah Shanahan, estudante da Universidade de Limerick, o AMY é o primeiro teste reutilizável e multissensorial, que oferece resultados de forma tátil, visual e sonora. As usuárias podem sentir um símbolo em relevo que indica positivo ou negativo, acessar uma página com alto contraste e texto ampliado no celular, ou ouvir o resultado por meio de um leitor de tela.

Como funciona o AMY

O funcionamento do AMY é simples e acessível. Ao utilizar a saliva para detectar a gravidez, o teste evita o uso da urina, que pode ser desconfortável para algumas mulheres. O símbolo em relevo permite que a mulher toque e identifique o resultado pelo sentido do tato. Além disso, o componente digital do teste possibilita a leitura visual com alto contraste e texto grande, garantindo acessibilidade para quem tem baixa visão. Para as usuárias que optam pelo áudio, o teste se conecta a um leitor de tela que anuncia o resultado em voz alta, promovendo total independência.

Desenvolvimento baseado na experiência pessoal

Leah Shanahan, que tem cegueira legal em um olho e visão limitada no outro, baseou o desenvolvimento do AMY em sua própria vivência e na colaboração com a comunidade de deficientes visuais. Ela percebeu que mulheres com deficiência visual eram excluídas do momento íntimo de descobrir a própria gravidez e decidiu criar um produto que devolvesse a independência e a dignidade a essas usuárias. Em entrevista ao Irish Independent, Leah ressaltou a importância de um dispositivo que garantisse privacidade e autonomia nessa fase tão especial da vida.

Outros protótipos de testes de gravidez acessíveis

Além do AMY, outros projetos estão em andamento para tornar os testes de gravidez acessíveis a mulheres com deficiência visual. O RNIB (Royal National Institute of Blind People), do Reino Unido, desenvolveu um protótipo tátil baseado em urina que utiliza relevos para indicar os resultados. Esse projeto está em negociação com a Clear Blue para ser transformado em um produto comercial.

Outro exemplo é o APT (Accessible Pregnancy Test), criado por uma equipe do MIT, que utiliza vibrações para transmitir os resultados. Após a leitura da tradicional tira de urina, uma vibração indica resultado negativo, enquanto duas vibrações sinalizam positivo. Essa inovação permite que a mulher receba a informação de forma discreta e independente.

Impacto e futuro dos testes acessíveis

Esses protótipos revolucionários representam um avanço significativo na inclusão e acessibilidade para mulheres cegas ou com baixa visão. Ao oferecer múltiplas formas de comunicação dos resultados — toque, som e visão —, eles garantem que mães e pais com deficiência visual possam vivenciar esse momento tão importante da vida com autonomia e privacidade.

Com a continuidade do desenvolvimento e a chegada desses produtos ao mercado, o futuro promete uma maior independência para gestantes com deficiência visual no Brasil e no mundo. A tecnologia, aliada à empatia, está transformando experiências pessoais em momentos de conquista e dignidade para todos.

Em suma, a inovação trazida pelo AMY e outros protótipos acessíveis aponta para um cenário onde a gravidez pode ser descoberta com autonomia e respeito, reafirmando o direito de toda mulher de viver esse momento de forma plena e independente.

Considerações finais: A descoberta da gravidez é um momento íntimo e especial que deve ser vivido com privacidade e autonomia. Para mulheres cegas ou com deficiência visual, a inovação tecnológica, como o teste AMY, oferece uma nova perspectiva, devolvendo independência e dignidade. Essas iniciativas são fundamentais para promover inclusão e garantir que todas as futuras mães possam experimentar essa fase da vida com total liberdade e respeito.

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