Spotify lança mensagens diretas e preocupa pais sobre segurança de adolescentes

Publicado por Bianca Andrade em 28/08/2025. • Tempo de leitura: ~6 minutos.

O Spotify lançou mensagens diretas para compartilhar áudio, mas a função gera preocupação entre pais por permitir contato direto entre adolescentes a partir de 16 anos. Embora ofereça medidas de segurança, especialistas alertam para riscos e recomendam supervisão parental constante.

Pais da geração millennial certamente se lembram de uma época em que compartilhar músicas com amigos e paqueras envolvia um processo quase artesanal: gravar CDs em casa. Você estava no porão ou no escritório da casa onde cresceu, inseria um CD em branco no drive do computador, abria o Windows Media Player, escolhia as faixas que queria gravar — que precisavam ser convertidas em MP3 — e assim criava o método tradicional de compartilhar música. Essa era uma forma concreta e direta, sem a complexidade ou os riscos do mundo digital atual.

Hoje, o cenário mudou radicalmente. A maioria dos adolescentes e muitos adultos brasileiros utilizam plataformas de streaming como o Spotify para ouvir músicas, podcasts e audiolivros. Eles criam playlists cuidadosamente elaboradas que podem ser compartilhadas publicamente ou apenas com amigos. Recentemente, o Spotify lançou uma nova funcionalidade: as mensagens diretas dentro do aplicativo, permitindo que os usuários compartilhem áudio de forma rápida e privada.

Por que a função de mensagens diretas do Spotify levanta preocupações?

Embora a novidade seja bem-vinda para facilitar o compartilhamento, ela acende um sinal de alerta para pais e responsáveis. Isso porque o recurso está disponível para usuários a partir de 16 anos, uma restrição considerada pouco rígida por especialistas. Essa faixa etária permite que adolescentes enviem conteúdos potencialmente inadequados entre si, além de abrir espaço para que usuários com intenções maliciosas tentem contato com menores.

Antes dessa funcionalidade, o compartilhamento de músicas era feito por meio de links enviados por outros aplicativos, o que exigia uma ação extra para abrir a mídia. No passado dos CDs, a troca era presencial, diminuindo os riscos. Agora, a comunicação direta dentro da plataforma traz desafios inéditos no controle e na segurança.

Por que o Spotify introduziu as mensagens diretas?

O Spotify justifica a criação da função de mensagens diretas como um atendimento a pedidos dos próprios usuários, que buscavam um espaço dentro do aplicativo para compartilhar músicas, podcasts e audiolivros sem precisar sair da plataforma. Na prática, essa ferramenta torna o processo mais ágil e interativo, permitindo reações rápidas com texto ou emojis, fortalecendo a conexão entre amigos, familiares e contatos próximos.

Quais medidas de segurança o Spotify já oferece?

Para garantir a segurança dos usuários, o Spotify exige que o destinatário aceite o pedido de mensagem antes de visualizar o conteúdo enviado, dando aos adolescentes a possibilidade de rejeitar mensagens de desconhecidos. Além disso, a plataforma possibilita a denúncia de contas que enviem conteúdos impróprios ou tentativas de assédio a menores de idade.

Os usuários também podem bloquear outras contas indesejadas, e os pais têm o recurso de bloquear contatos com quem não desejam que seus filhos interajam. Apesar dessas ferramentas, a presença ativa dos pais e responsáveis continua imprescindível para monitorar as conversas e prevenir situações de risco.

O que especialistas em tecnologia dizem sobre a nova função do Spotify?

Um dos principais desafios apontados por especialistas é a confiabilidade da idade informada no cadastro. Tatiana Jordon, especialista em tecnologia e responsável pelo Bark — uma plataforma que usa inteligência artificial para monitorar atividades infantis — destaca que a limitação para maiores de 16 anos só é eficaz se os usuários informarem sua idade verdadeira, algo que raramente acontece.

Jordon recomenda que crianças entre 3 e 12 anos utilizem o Spotify Kids, mas ressalta que adolescentes entre 13 e 15 anos ficam vulneráveis, pois não têm acesso a essa versão infantil do aplicativo. Essa faixa etária fica exposta a conteúdos e interações inadequadas enquanto usam o Spotify tradicional.

Para mitigar esses riscos, a especialista sugere que os pais ativem controles parentais disponíveis no aplicativo, como o filtro de conteúdo explícito, e mantenham uma verificação constante das configurações de idade em todos os aplicativos usados pelos filhos.

Embora o Spotify informe utilizar tecnologia para detectar conteúdos ilegais e nocivos e contar com moderadores que avaliam denúncias, Jordon enfatiza que a tecnologia não substitui a supervisão parental. Segundo ela, é fundamental que os pais conversem abertamente com os filhos sobre como bloquear e denunciar pessoas suspeitas, além de reforçar que os pais são um espaço seguro para dialogar sobre qualquer problema.

O Bark, por sua vez, monitora as músicas que as crianças ouvem e planeja ampliar essa proteção para o Spotify em breve, aumentando o suporte para um ambiente digital mais seguro.

Considerações finais

A introdução das mensagens diretas no Spotify reflete a evolução das formas de compartilhar conteúdo digital, trazendo mais praticidade e interação para os usuários. Contudo, essa inovação também apresenta desafios importantes, especialmente na proteção de adolescentes contra conteúdos inadequados e contatos mal-intencionados.

É fundamental que os pais e responsáveis permaneçam atentos e ativos na supervisão do uso do Spotify e de outras plataformas digitais, combinando os recursos tecnológicos disponíveis com diálogo aberto e orientações claras. Afinal, o mundo digital pode ser um espaço seguro e divertido para os jovens, desde que as precauções necessárias sejam adotadas.

Assim, curtir música com amigos no Spotify pode continuar sendo uma experiência prazerosa e protegida, sem o risco de assédio ou exposição a conteúdos impróprios.

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