Sono fragmentado na maternidade: entenda o impacto e como lidar

Publicado por Laura Liz Andrade em 25/06/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.

Estudo revela que o sono fragmentado, mais que a quantidade de horas dormidas, é o grande vilão da exaustão das novas mães. Saiba por que e como proteger o descanso na maternidade.

Não é novidade que a maternidade traz consigo uma grande privação de sono. Nas primeiras semanas após o nascimento do bebê, as mães frequentemente enfrentam noites exaustivas, marcadas por mamadas noturnas e bebês agitados. Mesmo quando começam a recuperar um pouco do sono perdido, muitas vezes 7 ou 8 horas ainda não são suficientes para afastar a sensação de cansaço extremo. Mas por que isso acontece?

A importância do sono contínuo para as novas mães

Um estudo recente apresentado no encontro anual SLEEP 2025 trouxe novas luzes sobre essa questão. Para mães de primeira viagem, não é apenas a quantidade de horas de sono que importa, mas principalmente a qualidade e a continuidade desse sono. As constantes interrupções durante a noite são a verdadeira responsável pela exaustão persistente, mesmo meses após o parto.

Os pesquisadores acompanharam 41 novas mães por meio de dados coletados pelo Fitbit, desde um ano antes do parto até o primeiro aniversário do bebê. Na primeira semana pós-parto, as mães dormiam em média apenas 4,4 horas por noite, comparado a 7,8 horas antes da gravidez. O dado mais alarmante foi a redução do maior período de sono ininterrupto, que caiu de 5,6 horas para apenas 2,2 horas.

Com o passar das semanas, o total de sono melhorou gradualmente, alcançando 6,7 horas na sétima semana e 7,3 horas na décima terceira semana. Porém, o sono contínuo continuou fragmentado. Na sétima semana, as mães conseguiam apenas 3,2 horas seguidas de sono, aumentando para 4,1 horas na décima terceira semana.

Por que o sono fragmentado é tão prejudicial?

Infelizmente, oito horas de sono divididas em vários pedaços não oferecem os mesmos benefícios que uma noite completa e ininterrupta de descanso. Estudos científicos demonstram que, quando o sono é interrompido, o organismo tem dificuldade em completar os ciclos completos do sono, especialmente as fases de sono profundo (ondas lentas) e sono REM. Essas fases são essenciais para a recuperação física, consolidação da memória e regulação emocional.

Cada despertar interrompe o ciclo, dificultando que o cérebro e o corpo alcancem os estágios realmente restauradores do sono. Isso explica porque muitas mães continuam se sentindo cansadas, mesmo quando já conseguem dormir um número maior de horas ao longo da noite.

Impactos do sono fragmentado na saúde mental das mães

Teresa Lillis, PhD, psicóloga clínica e professora adjunta do Rush University Medical Center, autora principal do estudo, destaca que a perda significativa do sono contínuo no período pós-parto foi a descoberta mais marcante da pesquisa. Segundo ela, esses resultados transformam a compreensão sobre o sono pós-parto, mostrando que o maior desafio para as novas mães não é a falta de sono, mas a falta de sono ininterrupto.

Além do impacto físico, o sono interrompido pode ser um fator de risco importante para o desenvolvimento da depressão pós-parto. Os pesquisadores enfatizam que suas descobertas confirmam a experiência real da exaustão das novas mães e indicam um novo foco para intervenções relacionadas ao sono.

Em vez de simplesmente recomendar que as mães "descansem quando o bebê descansa", os especialistas sugerem que estratégias que protejam períodos de sono contínuo são mais eficazes para a recuperação das mulheres no pós-parto.

Dicas para proteger o sono das novas mães

Claro que conseguir um sono ininterrupto durante o pós-parto pode ser um grande desafio, especialmente nos primeiros meses. No entanto, quando pais, parceiros e redes de apoio compreendem a importância do sono contínuo, é possível criar condições melhores para que as mães tenham um descanso mais protegido.

  • Compartilhe as responsabilidades noturnas com o parceiro ou outra pessoa de confiança para que a mãe possa dormir por períodos mais longos;
  • Estabeleça uma rotina tranquila antes de dormir, com ambiente escuro e silencioso, favorecendo o sono profundo;
  • Evite estímulos eletrônicos próximos à hora de dormir, já que a luz azul prejudica a produção de melatonina;
  • Se possível, permita que a mãe faça pequenos cochilos durante o dia para compensar a fragmentação do sono noturno;
  • Procure apoio profissional se os sintomas de cansaço extremo ou depressão pós-parto persistirem;
  • Incentive a criação de grupos de apoio para compartilhar experiências e estratégias para melhorar o sono.

Considerações finais

A maternidade é uma fase repleta de desafios, e a privação do sono é um dos mais comuns e difíceis de superar. Estudos recentes mostram que não é apenas a quantidade de horas dormidas que importa, mas a qualidade e a continuidade desse sono. O sono fragmentado, tão característico das novas mães, compromete a recuperação física e mental, aumentando o risco de problemas como a depressão pós-parto.

Entender esse fenômeno é essencial para que pais, familiares e profissionais ofereçam o suporte necessário para que as mães possam recuperar verdadeiramente suas energias. Investir em estratégias que favoreçam o sono ininterrupto é investir na saúde e bem-estar de toda a família. Afinal, uma mãe descansada é uma mãe mais feliz e preparada para cuidar do seu bebê com todo o amor que ele merece.

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