Saúde mental das mães: desafios e cuidados essenciais na maternidade

Publicado por Luana Oliveira em 03/06/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.

A maternidade traz desafios emocionais e físicos que afetam a saúde mental das mães. Este texto aborda os principais fatores que contribuem para esse cenário e oferece dicas para cuidar do bem-estar materno, reforçando a importância do autocuidado.

A maternidade é uma experiência maravilhosa, mas também pode ser física e emocionalmente desgastante. Qualquer mãe sabe que criar filhos demanda muita energia, paciência e dedicação. Enquanto escrevo este texto, meus dois filhos pequenos estão ao meu lado; um falando sem parar e o outro me perguntando o que pode comer ou com o que deve brincar. Além disso, estou amamentando um bebê de 4 meses, o que me faz conhecer de perto as muitas demandas dessa fase especial.

A realidade da saúde mental das mães no Brasil e no mundo

Pesquisas recentes reforçam que a maternidade impacta significativamente a saúde mental das mulheres. Um estudo publicado no JAMA Internal Medicine analisou 198.417 mães de crianças de 0 a 17 anos e revelou um declínio preocupante na saúde mental, com desigualdades acentuadas entre diferentes grupos socioeconômicos.

Entre 2016 e 2023, houve uma queda na avaliação da saúde mental autodeclarada como "excelente" de 38,4% para 25,8%. Por outro lado, a categoria que avaliava sua saúde como "boa" cresceu de 18,8% para 26,1%, e as classificações "regular/ruim" aumentaram de 5,5% para 8,5%. A saúde física também sofreu com essa tendência, com a avaliação "excelente" caindo de 28% para 23,9%. Esses números são mais expressivos entre mães solteiras e aquelas com menor condição socioeconômica, o que revela profundas desigualdades sociais.

Por que as mães estão enfrentando tantas dificuldades?

Será que esse cenário indica que mais mães estão finalmente falando abertamente sobre seus desafios? Segundo Jessica Vernon, médica obstetra e diretora de saúde mental da startup Oula, em Nova York, isso é possível. Ela observa um aumento no número de mulheres buscando ajuda para questões de saúde mental materna, ressaltando que vivemos uma crise tanto na saúde mental geral quanto na materna, que afeta mães e seus filhos.

Mona Potter, psiquiatra infantil e diretora médica da InStride Health, confirma esse quadro, apontando a velocidade da vida moderna e os efeitos pós-pandemia como fatores que têm aumentado o desgaste mental das mães.

Principais fatores que contribuem para o declínio da saúde mental materna

  • Carga desproporcional de cuidados: Tradicionalmente, as mães assumem a maior parte dos cuidados com os filhos e das tarefas domésticas, incluindo cerca de 73% do trabalho cognitivo do lar. Esse trabalho invisível e subestimado gera estresse e desgaste mental.
  • Dupla jornada: Para as mães que trabalham fora, o desafio é ainda maior: equilibrar as demandas do trabalho e da casa aumenta a sobrecarga e o cansaço.
  • Contexto global: Preocupações com inflação, mudanças climáticas e divisões políticas causam ansiedade constante, afetando o bem-estar das mães.
  • Pressão pela perfeição: As mães sentem que precisam dar conta de tudo — no trabalho, em casa e na escola dos filhos — sem espaço para erros, o que é exaustivo.
  • Influência das mídias sociais: As redes sociais intensificam sentimentos de solidão, culpa e comparação. Segundo Dana Wogahn, assistente social, essas plataformas criaram uma cultura onde as mães sentem que nunca fazem o suficiente.
  • Fatores hormonais: Oscilações hormonais relacionadas ao ciclo menstrual, gravidez, pós-parto e perimenopausa afetam o equilíbrio emocional, sendo o pós-parto um período especialmente delicado, com risco aumentado de suicídio.
  • Acesso limitado ao cuidado: Muitas mães enfrentam barreiras para obter atendimento adequado devido à cobertura insuficiente, custos elevados e falta de profissionais especializados.

Como cuidar da saúde mental durante a maternidade

Especialistas reforçam que as mães não estão sozinhas nesse desafio. Jessica Vernon destaca que mães de baixa renda e grupos marginalizados têm maior risco e menos acesso a tratamentos. Por isso, mudanças sistêmicas são essenciais para garantir atendimento adequado a todas as mulheres.

Para quem enfrenta sintomas, buscar ajuda profissional confiável é fundamental. Além disso, é importante que as mães priorizem a si mesmas, buscando apoio em parceiros, familiares e amigos, e estabelecendo limites para garantir momentos de autocuidado.

Atividades simples como exercícios leves, reduzir o tempo nas redes sociais e aceitar que não precisam ser perfeitas ajudam a melhorar a saúde mental. Como lembra Mona Potter, as crianças não precisam de pais perfeitos, mas de pais atentos, confiáveis e humanos.

Considerações finais

A maternidade é um caminho repleto de amor e desafios. Embora possa ser desgastante emocionalmente, reconhecer os fatores que afetam a saúde mental das mães é o primeiro passo para buscar soluções e suporte adequados.

Priorizar o bem-estar das mães não é apenas importante para elas mesmas, mas também para o desenvolvimento saudável de seus filhos. Ao buscar ajuda, estabelecer limites e aceitar a imperfeição, as mães podem transformar essa fase em uma experiência mais leve e feliz.

Por fim, vale lembrar que a saúde mental materna importa — porque a mãe importa.

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