Riscos e cuidados sobre o uso precoce do smartphone por crianças

Publicado por Laura Liz Andrade em 30/07/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.

Pesquisa revela que o uso precoce do smartphone por crianças menores de 13 anos pode prejudicar a saúde mental, causando problemas como sono ruim, cyberbullying e baixa autoestima, especialmente entre meninas. Especialistas orientam cuidados para o uso saudável do celular.

Nos dias atuais, a presença dos smartphones na vida das crianças tem se tornado cada vez mais comum. Nos Estados Unidos, por exemplo, mais da metade das crianças já possui um smartphone aos 11 anos. Contudo, uma nova pesquisa revela que o uso precoce desses dispositivos pode trazer sérios riscos à saúde mental dos pequenos, especialmente para aqueles com menos de 13 anos. Este texto explora as principais descobertas desse estudo, os perigos associados ao uso precoce do celular, e oferece orientações para que os pais possam proteger e educar seus filhos nesse ambiente digital.

Os riscos do uso precoce do smartphone

Um dos maiores desafios enfrentados pelos pais atualmente é a decisão sobre quando oferecer um smartphone para seus filhos. Muitas crianças ficam fixadas nas telas, deixando de interagir com a família, amigos e o mundo ao redor. Um estudo publicado no Journal of Human Development and Capabilities, que entrevistou cerca de dois milhões de pessoas em 163 países, revelou que crianças com menos de 13 anos que possuem smartphones apresentam pior saúde mental. Essa conexão está relacionada a problemas como sono prejudicado, exposição ao cyberbullying e tensões familiares, especialmente entre meninas.

O estudo ainda aponta que o uso do celular por pré-adolescentes está associado a pensamentos suicidas, baixa autoestima e distanciamento da realidade, com efeitos mais graves entre o público feminino. Diante disso, os pesquisadores recomendam que pais e formuladores de políticas adotem regras adequadas para a idade, semelhantes às restrições existentes para o álcool e o tabaco, a fim de proteger o desenvolvimento saudável das crianças.

O que fazer se seu filho já tem smartphone?

Mesmo com os riscos evidenciados, muitos menores de 13 anos já utilizam smartphones, e é pouco provável que os pais retirem o aparelho. No entanto, é possível adotar medidas para ajudar as crianças a gerenciar o uso do celular e preservar seu bem-estar. Especialistas indicam o uso de controles parentais e a aplicação de restrições adequadas para a faixa etária.

Alisha Simpson-Watt, fundadora da Collaborative ABA Services, aconselha os pais a monitorarem as atividades dos filhos, como aplicativos acessados, mensagens enviadas e tempo de tela, além de manterem conversas frequentes sobre o uso responsável do telefone e como agir diante de situações desagradáveis online. Ariana Hoet, diretora clínica da Kids Mental Health Foundation, destaca que o cérebro das crianças ainda está em desenvolvimento, o que dificulta o controle próprio, o processamento de informações e a regulação emocional.

Para muitos pais, oferecer um celular traz tranquilidade, principalmente por questões de segurança. Erica Kalkut, diretora clínica da LifeStance Health, enfatiza que a principal função do celular deve ser garantir a segurança da criança, enquanto outras funções devem ser usadas com moderação.

Qual a idade certa para dar um smartphone?

Especialistas concordam que não existe uma idade ideal única para o primeiro celular, pois cada criança tem seu próprio ritmo de desenvolvimento cognitivo, social e emocional. Antes de permitir o uso do aparelho, é fundamental ensinar sobre alfabetização digital e estabelecer limites saudáveis para jogos, redes sociais, mensagens e fotos.

Alguns aspectos importantes para considerar incluem:

  • O uso de smartwatches como alternativa, já que eles não permitem acesso completo à internet;
  • A responsabilidade da criança com seus pertences, pois crianças que frequentemente perdem ou quebram objetos podem não estar preparadas;
  • A prontidão dos pais para supervisionar e educar sobre o uso adequado do aparelho;
  • O respeito da criança às regras e limites estabelecidos.

A questão das redes sociais

Permitir o uso do celular não significa liberar o acesso às redes sociais. Monica Barreto, diretora clínica de saúde comportamental, recomenda adiar o uso das redes para crianças mais novas. Muitas plataformas não são indicadas para menores de 13 anos, e mesmo após essa idade, o acompanhamento dos pais continua sendo essencial.

As redes sociais podem afetar a autoestima das meninas, que tendem a passar mais tempo online e a se comparar com outras, sofrendo pressão social, exclusão e bullying. Ariana Hoet ressalta que as meninas valorizam mais as interações sociais virtuais, utilizando curtidas e seguidores como medidas de popularidade e autoestima. Além disso, essas plataformas frequentemente promovem padrões de beleza irreais, contribuindo para insatisfação corporal e ansiedade.

Considerações finais

É importante compreender que crianças menores de 13 anos ainda estão desenvolvendo habilidades cognitivas e emocionais essenciais. O uso precoce do smartphone pode prejudicar a atenção, a regulação emocional e o sono, impactando negativamente sua saúde mental. Especialistas concordam que refletir sobre o momento adequado para introduzir esses dispositivos é fundamental para ajudar os jovens a lidar melhor com o mundo digital.

Mesmo após os 13 anos, os riscos não desaparecem completamente, e os pais devem manter um diálogo aberto, acompanhamento constante e supervisão para garantir o uso saudável do celular. A educação digital e a conscientização são ferramentas essenciais para proteger o bem-estar das crianças e adolescentes no ambiente virtual.

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