Obesidade na adolescência: causas, impactos e o papel das canetas emagrecedoras

Publicado por Bianca Andrade em 01/09/2025. • Tempo de leitura: ~7 minutos.

A obesidade na adolescência cresce rapidamente no Brasil e no mundo, trazendo riscos à saúde física e emocional. Canetas emagrecedoras surgem como complemento ao tratamento, mas hábitos saudáveis e apoio familiar são essenciais para o sucesso.

A obesidade na adolescência é uma pandemia global crescente, que preocupa autoridades de saúde em todo o mundo. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), o número de crianças e adolescentes entre 5 e 19 anos com obesidade aumentou dez vezes na última década. No Brasil, a situação é ainda mais alarmante: o Atlas Mundial da Obesidade 2024 projeta que até 2035 metade dos jovens brasileiros estará acima do peso, o que representa cerca de 20 milhões de crianças e adolescentes. O país deve ocupar o 5º lugar no ranking mundial de obesidade infantil e juvenil, um dado que evidencia a urgência de medidas eficazes para combater este problema.

Causas e fatores que influenciam a obesidade na adolescência

Segundo o endocrinologista pediátrico Miguel Liberato, as causas da obesidade são múltiplas e complexas. Entre os principais fatores estão a predisposição genética, aliada a um ambiente que favorece o consumo excessivo de alimentos ultraprocessados, o sedentarismo, o tempo prolongado em frente às telas e noites mal dormidas. A obesidade é uma condição crônica que resulta da combinação desses fatores genéticos, ambientais e comportamentais.

O estilo de vida contemporâneo, caracterizado por pouca atividade física, alta exposição a dispositivos eletrônicos e uma dieta rica em ultraprocessados e bebidas açucaradas, contribui significativamente para o aumento do peso entre os jovens. Além disso, o ambiente social e econômico também pode influenciar, dificultando o acesso a alimentos saudáveis e espaços para atividades físicas.

Impactos da obesidade na saúde dos adolescentes

Os efeitos da obesidade ultrapassam o aspecto estético e impactam diretamente a saúde física e emocional dos adolescentes. Estima-se que 50% dos adolescentes obesos permaneçam obesos na vida adulta, aumentando o risco de desenvolver doenças crônicas como diabetes tipo 2, hipertensão arterial, dislipidemias e até alguns tipos de câncer.

Além dos problemas físicos, a obesidade está associada a distúrbios como apneia do sono, baixa autoestima e bullying, que comprometem o desenvolvimento social e psicológico dos jovens. A nutricionista Maria Clara Vieira Paschoal destaca que essa condição afeta o desenvolvimento neurológico, físico e mental das crianças e adolescentes, sendo uma doença grave que demanda tratamento precoce e adequado para evitar prejuízos ao crescimento e à qualidade de vida.

Canetas emagrecedoras: funcionamento e indicação para adolescentes

Nos últimos anos, as "canetas emagrecedoras" ganharam destaque como uma opção terapêutica para o tratamento da obesidade em adultos e, mais recentemente, têm sido consideradas para uso em adolescentes. Esses medicamentos injetáveis, aplicados por via subcutânea, são agonistas do receptor GLP-1, um hormônio natural que regula o açúcar no sangue e promove a sensação de saciedade.

Os principais compostos dessas canetas são a liraglutida e a semaglutida. A semaglutida, geralmente aplicada semanalmente, tende a proporcionar uma perda de peso mais significativa em comparação à liraglutida, que é aplicada diariamente. Ambos ajudam a reduzir o apetite e controlar os níveis de glicose quando associados a uma dieta equilibrada e prática regular de atividades físicas.

A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) aprovou o uso desses medicamentos para adolescentes a partir dos 12 anos, porém, a indicação deve ser criteriosa e individualizada. O tratamento é recomendado apenas para adolescentes com índice de massa corporal (IMC) igual ou superior a 30 kg/m², que não obtiveram sucesso apenas com mudanças no estilo de vida e que estejam sob acompanhamento médico especializado.

A nutricionista Maria Clara ressalta a importância de que esses medicamentos sejam utilizados como parte de um tratamento interdisciplinar, que envolva nutricionista, psicólogo, médico e o incentivo à mudança de hábitos. Ela enfatiza que o uso isolado das canetas não garante resultados duradouros e que o acompanhamento constante é fundamental para o sucesso do tratamento.

Efeitos colaterais e cuidados no uso das canetas emagrecedoras

Apesar dos benefícios, o uso das canetas emagrecedoras pode causar efeitos colaterais como náuseas, vômitos, dores de cabeça, queda de cabelo e, em casos raros, pancreatite. Por isso, é essencial o acompanhamento médico rigoroso para monitorar a evolução do paciente e identificar possíveis reações adversas.

O endocrinologista Miguel alerta para a importância de observar os adolescentes em tratamento para evitar o desenvolvimento de distúrbios alimentares. O suporte médico e psicológico é fundamental para minimizar complicações e garantir a segurança e o bem-estar do jovem durante o processo.

Prevenção: o papel da família e dos hábitos diários

Embora as canetas emagrecedoras representem uma ferramenta importante no combate à obesidade, elas não substituem os hábitos saudáveis, que são a base para resultados permanentes. A mudança no estilo de vida continua sendo o principal pilar para a prevenção e o tratamento da obesidade na adolescência.

A nutricionista Maria Clara orienta que os pais devem ser exemplo para os filhos, adotando uma alimentação rica em frutas, verduras e praticando atividades físicas regularmente. Além disso, o controle do tempo de exposição às telas é fundamental, pois o excesso contribui para o sedentarismo e para a perda da percepção de saciedade, levando ao consumo automático de alimentos.

Resgatar o ato de brincar, incentivar o movimento e promover uma vida ativa são estratégias essenciais para o equilíbrio físico e mental dos adolescentes. O endocrinologista Miguel reforça que o tratamento deve contemplar também o apoio emocional, uma vez que a obesidade afeta não apenas o corpo, mas também a saúde social e psicológica, enfrentando desafios como bullying e isolamento.

Considerações finais

A obesidade na adolescência é um desafio de saúde pública que exige atenção multidisciplinar e ações integradas. As canetas emagrecedoras podem ser aliadas valiosas, mas somente quando fazem parte de um tratamento amplo, que inclui mudanças no estilo de vida e suporte emocional.

O envolvimento da família, a orientação profissional e o compromisso do adolescente são fundamentais para alcançar resultados duradouros e promover uma melhor qualidade de vida. Combater a obesidade na juventude é investir no futuro do país, garantindo que as próximas gerações cresçam saudáveis, ativas e preparadas para enfrentar os desafios da vida.

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