O que realmente preocupa os pais na era digital

Publicado por Bianca Andrade em 04/11/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.

Descubra o que realmente preocupa os pais na era digital, com dados do estudo da McAfee sobre ameaças online, cyberbullying e o impacto emocional nas crianças. Saiba como fortalecer a segurança digital com diálogo e conexão familiar.

Durante gerações, os pais alertaram seus filhos sobre perigos visíveis, como estranhos no parque ou ao atravessar a rua. Contudo, na era digital, o perigo mudou e se tornou muito mais invisível e complexo. Hoje, os pais enfrentam desafios ligados ao ambiente online, onde mensagens cruéis em grupos de conversa, vídeos virais manipulados por inteligência artificial (IA) e conteúdos nocivos podem afetar diretamente o desenvolvimento emocional e social das crianças.

Um estudo global recente da McAfee, que ouviu mais de 4.000 pais, revelou dados preocupantes: quase uma em cada quatro crianças já foi alvo de ameaças online, e muitas famílias se sentem sobrecarregadas diante da tecnologia que tentam controlar. Essa nova realidade extrapola a simples preocupação com o tempo de tela, envolvendo impactos emocionais profundos, como o cyberbullying, a manipulação digital e a pressão constante para se destacar.

Principais preocupações dos pais na era digital

O Relatório Global de Ameaças Digitais Familiares da McAfee 2025 destaca os receios mais comuns entre os pais brasileiros e de outras partes do mundo:

  • Cyberbullying ou assédio: especialmente prevalente entre meninas de 13 a 15 anos, o bullying virtual é uma das maiores fontes de angústia para as famílias.
  • Deepfakes gerados por IA e aplicativos de "nudify": tecnologias que alteram imagens de crianças sem consentimento, preocupam principalmente pais jovens, abaixo dos 35 anos.
  • Exposição a conteúdos nocivos ou inapropriados: esse problema afeta mais meninos entre 10 e 12 anos, que podem ter acesso a materiais prejudiciais para sua idade.
  • Contato inseguro ou coercitivo: quase um em cada cinco pais de adolescentes do sexo feminino considera essa situação a maior preocupação, devido aos riscos de exploração e abuso online.

Abhishek Karnik, chefe de pesquisa de ameaças da McAfee, alerta que essas ameaças não são hipotéticas, mas realidades enfrentadas diariamente pelas famílias. Ele ressalta que o impacto emocional é o aspecto mais preocupante, pois afeta a saúde mental, a autoestima e a sensação de segurança das crianças.

Consequências emocionais invisíveis do ambiente digital

Por trás de cada estatística, há histórias reais que ilustram as dificuldades enfrentadas por pais e filhos. São crianças que se isolam, adolescentes ansiosos com sua aparência e famílias que precisam reconstruir a confiança após incidentes online. Segundo a pesquisa da McAfee:

  • 42% das famílias relataram que seus filhos se sentiram ansiosos, inseguros ou envergonhados após experiências no ambiente digital.
  • 37% afirmaram que essas experiências afetaram amizades ou o desempenho escolar das crianças.
  • 31% disseram que seus filhos se afastaram completamente da tecnologia em algum momento.
  • 26% das famílias buscaram terapia ou aconselhamento para lidar com os impactos emocionais.

Os pais de crianças pequenas geralmente observam medos e confusões de curto prazo, enquanto os de adolescentes identificam consequências emocionais mais duradouras, como a confiança abalada e relações familiares tensas.

A importância da comunicação e do acompanhamento constante

Embora 95% das famílias afirmem conversar sobre segurança online, apenas cerca de um terço monitora os dispositivos de seus filhos diariamente. Isso não se deve à falta de cuidado, mas ao desafio que representa acompanhar uma tecnologia em constante evolução e que muitas vezes os próprios filhos dominam melhor que os pais.

Esse cenário revela um paradoxo da paternidade moderna: proteger os filhos de um mundo digital desconhecido e muitas vezes incompreensível para os adultos. Por isso, a solução não está apenas em softwares e filtros, mas principalmente em fortalecer a conexão familiar e o diálogo aberto.

Como fortalecer a relação e proteger as crianças na internet

Especialistas indicam algumas estratégias práticas para os pais iniciarem uma relação de confiança e segurança com seus filhos no ambiente digital:

  • Pergunte antes de aconselhar: perguntar sobre o que aparece no feed do seu filho abre espaço para conversas genuínas e evita imposições.
  • Mantenha a curiosidade sobre o mundo digital deles: sentar ao lado da criança para assistir vídeos ou entender tendências cria um ambiente de confiança e facilita a identificação de riscos.
  • Converse sobre o que é real e o que é manipulado: explicar como a IA pode alterar imagens e vídeos ajuda as crianças a desenvolverem senso crítico e cautela.
  • Normalize limites para o uso de telas: definir zonas sem dispositivos móveis, como quartos e momentos em família, ajuda a equilibrar o tempo online e offline.
  • Respeite e ensine sobre privacidade: revisar juntos as configurações de privacidade e tratar o tema como uma forma de proteger a própria história reforça o senso de responsabilidade.

Essas práticas não são infalíveis, mas são fundamentais para construir uma base sólida de confiança, permitindo que a criança se sinta segura para compartilhar qualquer situação desconfortável.

Considerações finais sobre segurança digital para famílias

A tecnologia continuará evoluindo rapidamente, tornando o papel dos pais cada vez mais desafiador. Porém, o que realmente garante segurança às crianças não mudou: o sentimento de ser visto, ouvido e amado no mundo real. O estudo da McAfee destaca que a segurança digital começa com a consciência dos riscos, cresce com a comunicação aberta e prospera com a conexão afetiva entre pais e filhos.

Não é possível eliminar todos os perigos da internet, mas é possível educar as crianças para navegarem nesse ambiente com confiança, gentileza e a certeza de que nunca estão sozinhas.

Gostou deste artigo?

Compartilhe com outros pais que possam se beneficiar desta informação! E não deixe de explorar nossos outros artigos sobre Maternidade.