O impacto do uso excessivo de telas nas brincadeiras das crianças brasileiras

Publicado por Laura Liz Andrade em 22/10/2025. • Tempo de leitura: ~4 minutos.

Pesquisa revela preferência das crianças brasileiras por dispositivos eletrônicos em vez de brincadeiras ao ar livre, mostrando mudanças culturais e a importância de equilibrar tecnologia e atividades físicas.

Atualmente, um dos maiores desafios para os pais brasileiros é o uso excessivo de telas pelas crianças. Seja celular, tablet ou televisão, muitos pequenos estão cada vez mais conectados, trocando as brincadeiras ao ar livre por horas diante de dispositivos eletrônicos. Essa mudança reflete uma transformação profunda na infância contemporânea, conforme apontam dados recentes.

Uma pesquisa realizada pelo Instituto Locomotiva em parceria com a QuestionPro ouviu 1.500 pessoas de diversas regiões do Brasil e revelou que 9 em cada 10 brasileiros acreditam que as crianças preferem dispositivos eletrônicos a brincar na rua. Essa preferência por telas sobre atividades ao ar livre mostra como a maneira de brincar mudou significativamente nas últimas gerações.

A transformação das brincadeiras e brinquedos

Além da mudança no local e tipo de brincadeira, os brinquedos também sofreram alterações. Antes, as crianças criavam diversão com objetos improvisados, como sucatas e pedaços de papelão. Atualmente, a maioria das crianças se diverte com brinquedos comprados, conforme afirmam 81% dos entrevistados. Além disso, cerca de 75% acreditam que as crianças de hoje possuem mais brinquedos do que as gerações anteriores.

Essa mudança no perfil dos brinquedos e na forma de brincar reflete tanto o avanço tecnológico quanto o aumento do consumo familiar, o que influencia diretamente no modo como as crianças experimentam o lazer e a criatividade.

Importância das brincadeiras ao ar livre para a saúde

Mesmo com a popularidade das telas, a maioria dos brasileiros reconhece que brincar ao ar livre é mais saudável. A Geração Z, que cresceu rodeada de internet e dispositivos digitais, destaca-se nesse reconhecimento, com 82% afirmando a importância do contato com a natureza para o desenvolvimento infantil.

Renato Meirelles, presidente do Instituto Locomotiva, ressalta que a infância brasileira vive um paradoxo: "nunca tivemos tantas opções de brinquedos e tecnologia, mas o espaço para brincar diminuiu." Esse fenômeno não afeta apenas a diversão atual das crianças, mas também interfere nas memórias e vínculos que elas construirão para o futuro.

Estereótipos de gênero nas brincadeiras

Do ponto de vista cultural, a percepção sobre as brincadeiras também passou por mudanças significativas. Para 64% dos brasileiros, não existe diferença entre brincadeiras de menino e menina, uma opinião mais comum entre mulheres (71%) e jovens da Geração Z (70%). Apesar disso, ainda há resistência: 32% da população considera errado que meninos brinquem de boneca e meninas de carrinho. Essa visão é mais frequente entre os homens (40%) do que entre as mulheres (24%).

É importante destacar que o ato de brincar representa uma das primeiras experiências de liberdade para a criança. Restringir as brincadeiras por estereótipos de gênero limita não só a diversão, mas também a forma como meninos e meninas se relacionam com o mundo, prejudicando o desenvolvimento emocional e social dos pequenos.

Considerações finais

A transformação nas formas de brincar das crianças brasileiras reflete mudanças culturais, tecnológicas e sociais profundas. O uso excessivo de telas tem substituído as brincadeiras ao ar livre, que são fundamentais para a saúde física e mental. Além disso, embora os brinquedos tenham se multiplicado, a criatividade e o espaço para a diversão espontânea diminuíram.

Reconhecer a importância do equilíbrio entre tecnologia e atividades ao ar livre é essencial para garantir uma infância saudável e rica em experiências. Também é fundamental combater os estereótipos de gênero para que todas as crianças possam explorar livremente suas preferências e potencialidades.

Assim, pais e responsáveis devem estar atentos para incentivar brincadeiras que promovam o desenvolvimento integral dos filhos, valorizando tanto o uso consciente da tecnologia quanto o contato com a natureza e a liberdade de escolha das crianças.

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