Microplásticos na alimentação: cuidados para proteger a saúde da família

Publicado por Laura Liz Andrade em 04/07/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.

Estudo revela que o uso comum de embalagens plásticas pode liberar microplásticos nos alimentos, afetando a saúde da família. Saiba como reduzir a exposição e proteger gestantes e crianças.

Tomar decisões sobre a alimentação da família é um desafio, especialmente quando surgem preocupações sobre a presença de microplásticos e nanoplásticos nos alimentos que consumimos diariamente. Uma pesquisa recente publicada no NPJ Science of Food, em junho de 2025, revelou que ações simples do dia a dia, como abrir a tampa de uma garrafa de água, desembrulhar frios ou aquecer alimentos em recipientes plásticos, podem liberar partículas de plástico diretamente nos alimentos e bebidas.

O que o novo estudo revelou

A pesquisa destacou que microplásticos e nanoplásticos não estão presentes apenas nos oceanos, mas também nos alimentos que chegam à nossa mesa. Essas partículas se desprendem não por falhas isoladas, mas devido ao uso cotidiano do plástico em embalagens e utensílios domésticos.

Atividades corriqueiras como abrir e fechar garrafas plásticas diversas vezes, aquecer alimentos em recipientes plásticos, armazenar comidas quentes em plástico ou desembrulhar frios embalados podem liberar fragmentos dessas partículas nos alimentos e bebidas.

Entre os maiores responsáveis pela liberação desses microplásticos estão:

  • Bebidas engarrafadas, especialmente quando abertas e fechadas várias vezes;
  • Frios e queijos embalados em plástico;
  • Refeições congeladas ou delivery em recipientes plásticos;
  • Frutas e legumes embalados em plástico.

Além disso, alimentos ultraprocessados tendem a conter uma quantidade maior de microplásticos, possivelmente devido ao contato prolongado com máquinas e embalagens plásticas durante sua fabricação. Esses alimentos já representam mais da metade da dieta média nos Estados Unidos e até 44% na Europa.

Outro estudo chamou atenção ao encontrar até 240 mil partículas plásticas em um litro de água engarrafada, com sete tipos diferentes de plástico. Cerca de 90% dessas partículas são nanoplásticos, pequenos o suficiente para atravessar o intestino ou pulmões e circular na corrente sanguínea.

David Andrews, chefe científico do Environmental Working Group, alerta que essa contaminação pode ser significativa e merece atenção redobrada.

Por que isso importa para os pais

Microplásticos foram encontrados em áreas vulneráveis do corpo humano, incluindo partes ligadas à gravidez e ao desenvolvimento inicial dos bebês. Estudos detectaram microplásticos na placenta, no leite materno, no fluido ovariano e no cordão umbilical, levantando preocupações sobre possíveis impactos na saúde dos pequenos, como parto prematuro.

Embora a pesquisa ainda esteja em fase inicial e não comprove danos diretos, indica que os plásticos podem se acumular no corpo mais do que se imaginava anteriormente.

Para os pais, especialmente grávidas ou que estão tentando engravidar, essas informações são importantes e podem causar preocupação. Conhecer o problema é o primeiro passo para adotar medidas simples que protejam a saúde de toda a família.

O que os pais podem fazer de forma prática

Não é necessário transformar toda a rotina para reduzir a exposição aos microplásticos. Pequenas mudanças já fazem grande diferença, especialmente durante a gravidez e a infância:

  • Utilizar recipientes de vidro ou inox para armazenar alimentos;
  • Evitar aquecer alimentos ou fórmulas em recipientes plásticos, incluindo mamadeiras e potes;
  • Preferir frutas e legumes frescos e sem embalagem plástica;
  • Não reutilizar potes de plástico velhos ou rachados;
  • Evitar plásticos com códigos de reciclagem #3 (ftalatos), #6 (estireno) e #7 (BPA e mistos).

O objetivo não é alcançar a perfeição, mas sim diminuir o uso do plástico no dia a dia. Muitas famílias já adotam práticas como usar garrafas reutilizáveis e evitar embalagens desnecessárias, o que contribui significativamente para a redução da exposição.

Não é só responsabilidade dos pais, é um problema sistêmico

A presença de microplásticos não está limitada ao ambiente doméstico; eles estão no ar, na água e nos alimentos. Por isso, a solução precisa ser abrangente e ir além de ações individuais.

Mais de 3.600 substâncias químicas podem contaminar os alimentos durante a produção e embalagem, muitas delas sem testes completos de segurança, e algumas associadas a câncer e desordens hormonais.

Em agosto de 2025, 175 países devem negociar um tratado global para reduzir a poluição por plástico. A pressão da sociedade é fundamental, e os pais podem contribuir apoiando marcas conscientes, cobrando políticas públicas eficazes e buscando informação contínua.

A poluição por plástico é um desafio global que demanda soluções coletivas e responsabilidade compartilhada.

Considerações finais

É natural sentir-se preocupado ao descobrir a presença onipresente do plástico em nossas vidas, mas o conhecimento é uma ferramenta poderosa. Entender como os microplásticos chegam até nossos alimentos permite tomar decisões mais conscientes e proteger a saúde da família.

Não é necessário ser perfeito ou eliminar totalmente o plástico, mas pequenas mudanças e o uso da voz para exigir práticas responsáveis podem fazer uma grande diferença a longo prazo.

Embora o plástico esteja em toda parte, ainda temos controle sobre nossas escolhas diárias, e isso é motivo de esperança e ação.

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