Maternidade solo no Brasil e sua representação na novela Três Graças

Publicado por Laura Liz Andrade em 22/10/2025. • Tempo de leitura: ~4 minutos.

A novela Três Graças destaca a realidade da maternidade solo no Brasil, mostrando três gerações de mulheres que enfrentam o abandono paterno. Dados da FGV e IBGE revelam o crescimento dos domicílios chefiados por mães solo e os desafios enfrentados por elas.

Ver uma mãe cuidando do filho sozinha é uma cena muito comum no Brasil, refletindo uma realidade social que afeta milhões de famílias. A próxima novela da Globo, Três Graças, coloca essa temática no centro das discussões, narrando a história de três gerações de mulheres que enfrentam o abandono dos parceiros e os desafios da maternidade solo.

A trama de Três Graças

A novela se passa em São Paulo, em uma comunidade fictícia chamada Chacrinha, onde vivem Lígia, Gerluce e Joélly, três mulheres de gerações diferentes que compartilham histórias similares. Lígia, interpretada por Dira Paes, engravidou na adolescência e foi abandonada pelo pai da filha, Joaquim, personagem de Marcos Palmeira, que se recusa a assumir a paternidade.

Gerluce, vivida por Sophie Charlotte, segue um caminho parecido com o da mãe. Ela também engravidou jovem, de Jorginho Ninja (Juliano Cazarré), antigo líder de uma facção criminosa local, que também é um pai ausente. Gerluce luta para que sua filha Joélly (Alana Cabral) não repita o ciclo da maternidade precoce, mas a jovem acaba engravidando aos 15 anos, de Raul (Paulo Mendes), que enfrenta problemas com drogas e nega a paternidade.

O panorama da maternidade solo no Brasil

Essa narrativa da novela espelha a realidade de muitas mães brasileiras. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV), entre 2012 e 2022, o número de domicílios com mães solo cresceu 17,8%, saindo de 9,6 milhões para 11,3 milhões, um aumento de 1,7 milhão em uma década.

Um dado importante do estudo é o aumento do número de mães solo negras (pretas e pardas), que subiu de 5,4 milhões para 6,9 milhões, enquanto o número de mães solo brancas e amarelas permaneceu estável. Regionalmente, as regiões Nordeste e Norte apresentam as maiores proporções de domicílios chefiados por mães solo, e a região Sul os menores índices.

Desafios enfrentados pelas mães solo

Segundo dados do quarto trimestre de 2022, mais da metade das mães solo (54,3%) possuem até o ensino fundamental completo, e menos de 14% têm ensino superior. A entrada no mercado de trabalho é um dos principais obstáculos para essas mulheres. Entre mães solo de 15 a 60 anos, 29,4% estão fora da força de trabalho, 7,2% estão desempregadas e 63,3% estão empregadas.

Dados do IBGE sobre mães solo

O Censo Demográfico 2022 do IBGE confirma essa tendência com dados expressivos: existem 10.321.771 domicílios chefiados por mulheres que vivem apenas com seus filhos, enquanto apenas 1.614.739 domicílios são comandados por homens que criam os filhos sozinhos. Ou seja, o número de mães solo é seis vezes maior que o de pais solo no Brasil.

Esses números reforçam a relevância de discutir a condição das mães solo no país, tema que a novela Três Graças aborda com sensibilidade, aproximando o público da realidade vivida por muitas mulheres brasileiras.

Considerações finais

A maternidade solo é uma realidade crescente no Brasil, marcada por desafios sociais, econômicos e emocionais. A novela Três Graças traz à tona essa discussão ao mostrar as histórias entrelaçadas de três gerações de mulheres que enfrentam o abandono e lutam para dar um futuro melhor aos seus filhos. Com dados que comprovam o aumento das mães solo, principalmente negras, e as dificuldades de acesso à educação e ao mercado de trabalho, fica evidente a importância de conscientizar a sociedade sobre essa pauta. Reconhecer e apoiar essas mulheres é fundamental para promover a igualdade de oportunidades e fortalecer a rede de suporte social no país.

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