Leite materno: variações hormonais e dicas para mães que usam bomba
Publicado por Laura Liz Andrade em 17/09/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.
Estudo revela variações de melatonina e cortisol no leite materno ao longo do dia, impactando mães que usam bomba. Saiba como lidar com essas mudanças e dicas para facilitar a rotina de extração e alimentação do bebê.
Um estudo recente trouxe à tona informações importantes sobre o leite materno e suas variações ao longo do dia, especialmente em relação aos hormônios melatonina e cortisol. Esses hormônios, naturalmente produzidos em nosso corpo em ciclos diurnos e noturnos, também são encontrados no leite materno, influenciando possivelmente o sono e o despertar dos bebês. Com essa descoberta, surgem dúvidas para mães que extraem e armazenam leite, principalmente sobre a necessidade de controlar o horário de extração para beneficiar o desenvolvimento dos pequenos.
Alterações no leite materno ao longo do dia
É comum que o leite materno apresente variações de composição durante o dia e até mesmo entre uma mamada e outra. Muitas mães notam que produzem mais leite pela manhã e menos à noite, e que o leite pode parecer mais cremoso ou mais aguado conforme o horário da extração, especialmente quando usam bomba para armazenar o alimento.
O estudo recente aprofundou essas observações ao analisar, em nível microscópico, componentes essenciais do leite materno, incluindo melatonina, cortisol, ocitocina, lactoferrina e imunoglobulina A (IgA). A pesquisa revelou que os níveis de melatonina aumentam no leite extraído à noite, enquanto o cortisol predomina no leite retirado pela manhã.
Detalhes do estudo e suas descobertas
Publicado na revista Frontiers in Nutrition em setembro, o estudo avaliou o leite de 38 pais lactantes em quatro horários distintos, buscando entender as variações dos componentes hormonais e imunológicos ao longo do dia. A coautora Maria Gloria Dominguez Bello, PhD, professora da Universidade Rutgers, destacou que o leite materno não é estático, mas sim dinâmico, acompanhando o ciclo de 24 horas do corpo humano.
Segundo ela, os picos de melatonina e cortisol no leite materno refletem os níveis desses hormônios no sangue, indicando que o leite oferece não apenas nutrição, mas sinais biológicos que podem auxiliar na regulação dos ritmos circadianos, da programação imunológica e do desenvolvimento dos bebês.
A especialista Lauren Davis, DO, reforça que pesquisas anteriores já haviam identificado variações circadianas no leite materno, como a maior concentração de cortisol pela manhã e de melatonina à noite, que contribuem para os ritmos biológicos do bebê. Ela ressalta ainda que a amamentação direta transmite sinais importantes, inclusive relacionados ao microbioma.
Implicações para mães que usam bomba
Com as descobertas do estudo, muitas mães que utilizam bomba para extrair e armazenar o leite se perguntam se devem alterar suas rotinas de extração e alimentação, como por exemplo, rotular o leite conforme o horário da coleta para preservar os benefícios hormonais.
Jenelle Ferry, MD, neonatologista, explica que embora o estudo tenha analisado a microbiologia do leite, ainda faltam dados para comprovar os efeitos clínicos dessas variações hormonais no bebê, como a influência no ciclo de sono e vigília. Portanto, não há recomendações para mudanças imediatas nas rotinas de extração.
Por outro lado, Lauren Davis sugere que, se possível, oferecer o leite extraído à noite durante a noite e o leite do dia durante o dia pode ajudar a manter os sinais do ritmo circadiano. Porém, ela reforça que isso não deve ser uma obrigação e que a prioridade é oferecer leite materno de qualquer forma, sem gerar estresse.
Dicas para mães que usam bomba
- Rotule o leite extraído como "leite da manhã" ou "leite da noite" apenas se isso facilitar a organização, sem se sentir pressionada a fazê-lo.
- Evite acumular grandes quantidades de leite congelado nos primeiros meses; foque na necessidade imediata do bebê para não complicar o processo.
- Prefira usar o leite refrigerado em até três ou quatro dias e congele somente o excedente, pois o leite fresco é mais saudável.
- Mantenha uma alimentação adequada, hidratação e descanso para garantir a qualidade e produção do leite.
- Deixe de lado a culpa e valorize o esforço de extrair leite, reconhecendo que a conexão e presença dos pais são o que mais beneficia o bebê.
Considerações finais
Este estudo reforça a ideia de que o leite materno é um alimento dinâmico e adaptado às necessidades do bebê, oferecendo não só nutrientes, mas também sinais biológicos importantes para seu desenvolvimento. Embora as descobertas sejam fascinantes, não devem ser motivo para pressão ou ansiedade entre as mães, especialmente aquelas que usam bomba para alimentar seus filhos.
O mais importante é garantir que o bebê receba leite materno, independentemente do horário de extração ou da forma como ele é oferecido. Cada gota de leite materno é valiosa e contribui para a saúde e bem-estar do seu filho. Portanto, priorize o conforto e a praticidade na rotina, celebrando o poder do leite materno em todas as suas formas.
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