Desafios e estratégias financeiras da geração Z nos Estados Unidos
Publicado por Bianca Andrade em 27/08/2025. • Tempo de leitura: ~8 minutos.
Pesquisa nos EUA revela que geração Z tem menos reservas financeiras e depende mais do crédito para emergências, enfrentando desafios econômicos e sociais complexos. Especialistas destacam a importância da educação financeira e do apoio familiar para essa geração.
Neste artigo
- Contexto da crise financeira enfrentada pela geração Z
- Principais dados da pesquisa sobre hábitos financeiros da geração Z
- Fatores que dificultam a adoção de hábitos financeiros saudáveis na geração Z
- Como a geração Z utiliza os cartões de crédito
- Conhecimento versus confiança financeira na geração Z
- Dicas de especialistas para fortalecer a educação financeira da geração Z
- Considerações finais
Uma pesquisa recente realizada com mais de 1.000 consumidores nos Estados Unidos revelou que a geração Z tem menos probabilidade de possuir uma reserva financeira para emergências quando comparada às gerações anteriores. Essa realidade é consequência de diversos obstáculos financeiros enfrentados por essa geração, muitos deles fora de seu controle, que dificultaram a conquista da tão desejada estabilidade financeira.
Apesar de contar com amplo acesso a informações financeiras por meio das redes sociais, os adolescentes e jovens da geração Z ainda podem precisar de apoio extra, principalmente dos pais, para aprender a elaborar um orçamento eficaz e planejar o pagamento de dívidas de forma consciente.
Contexto da crise financeira enfrentada pela geração Z
Especialistas financeiros destacam que a geração Z tende a depender demais dos cartões de crédito para lidar com situações financeiras difíceis, muitas vezes sem compreender as consequências a longo prazo dessa prática. Michelle Taylor, consultora financeira da GFG Solutions e fundadora da Women and Wealth Initiative, destaca que o custo de vida disparou nos últimos anos, incluindo despesas com aluguel, supermercado, transporte e outros gastos essenciais, que hoje são muito mais altos do que para as gerações anteriores.
Além disso, a geração Z enfrenta desafios como dívidas estudantis, um mercado de trabalho instável e dificuldades para construir patrimônio, o que torna o caminho para a segurança financeira mais complexo.
Principais dados da pesquisa sobre hábitos financeiros da geração Z
O Credit One Bank conduziu uma pesquisa com 1.150 consumidores de diferentes faixas etárias e níveis econômicos nos EUA. A maioria dos entrevistados revelou que sua principal rede de segurança financeira é o crédito, e não a poupança, e que a quantia economizada tem diminuído com o tempo.
Um dado preocupante é que 62% da geração Z não possuem uma conta poupança para emergências, quase o dobro da taxa encontrada entre os baby boomers. Além disso, 25% dos jovens da geração Z e dos millennials admitem que usariam o limite total do cartão de crédito para cobrir despesas inesperadas.
Essa dependência do crédito coloca esses jovens em uma situação delicada, pois qualquer emergência financeira, como uma demissão, um pneu furado ou uma despesa aparentemente pequena, pode levar a um aumento significativo das dívidas, com consequências que podem se estender por anos.
Fatores que dificultam a adoção de hábitos financeiros saudáveis na geração Z
Uma combinação de prioridades em mudança e tendências sociais adversas tem dificultado a vida financeira dos jovens. A geração Z enfrenta lacunas em educação financeira, que outras gerações adquiriram ao longo do tempo por meio da estabilidade no emprego e de experiências práticas.
A pandemia de COVID-19 impactou fortemente os anos formativos dessa geração, período em que muitos jovens passaram a maior parte do tempo em casa, o que influenciou seus hábitos de consumo e poupança.
Além disso, o mercado imobiliário inacessível e a predominância de empregos temporários sem benefícios ou oportunidades de crescimento dificultam ainda mais a sensação de segurança financeira.
Como resposta, a geração Z tem redefinido o conceito tradicional de riqueza, valorizando mais a flexibilidade, autonomia, tempo livre, liberdade e experiências do que simplesmente o acúmulo de dinheiro.
Michelle Taylor ressalta que "eles priorizam horários flexíveis, autonomia e redefiniram o que significa riqueza. Não é só dinheiro no banco, mas tempo, liberdade, experiências e uma vida que eles realmente escolhem".
Essa visão mais equilibrada beneficia a saúde mental e traz mais significado à vida, mas a falta de uma reserva financeira pode causar problemas graves no futuro.
Como a geração Z utiliza os cartões de crédito
A dependência dos cartões de crédito para resolver dificuldades financeiras não significa que a geração Z despreze o conceito de dívidas. Pelo contrário, o uso responsável do cartão pode ajudar a construir um bom histórico financeiro, facilitando, por exemplo, a compra de uma casa e proporcionando benefícios como pontos para viagens e cashback.
Entretanto, o uso inadequado pode trazer consequências sérias devido aos altos juros, que dificultam o pagamento das dívidas e elevam a relação entre dívida e renda, atrasando a construção de patrimônio.
Michelle Taylor aconselha que o cartão de crédito seja encarado como uma ferramenta para emergências, nunca como plano financeiro principal, que deve ser sempre a poupança.
Conhecimento versus confiança financeira na geração Z
Embora a geração Z tenha acesso a uma quantidade sem precedentes de informações financeiras graças à internet, o excesso de conteúdo pode gerar confusão e falta de confiança na aplicação prática desse conhecimento.
Michelle Taylor destaca que "na era das redes sociais, podcasts e cursos, a geração Z se sente mais informada, mas não empoderada para agir". Por isso, o papel dos pais e mentores é fundamental para guiar esses jovens na aplicação efetiva do que aprendem.
Dicas de especialistas para fortalecer a educação financeira da geração Z
- Ensinar a importância dos juros compostos antes do uso de cartões de crédito ou contratos de empréstimos estudantis.
- Incentivar a criação de um plano de gastos realista que equilibre poupança, investimento e pagamento de dívidas.
- Ajudar na elaboração e acompanhamento de um orçamento que considere renda e despesas, promovendo a construção de uma reserva financeira para emergências.
- Reforçar que, apesar da visão diferente em relação ao dinheiro, o conceito de riqueza da geração Z pode ser mais saudável, ao valorizar aspectos além do acúmulo financeiro.
Com a orientação adequada, a geração Z pode trilhar um caminho financeiro sólido sem abrir mão de seus valores e prioridades, construindo um futuro mais seguro e equilibrado.
Considerações finais
A geração Z enfrenta desafios financeiros únicos, influenciados por fatores econômicos, sociais e culturais que dificultam a construção de uma reserva financeira e a adoção de hábitos saudáveis de consumo. Embora tenham acesso a uma vasta quantidade de informações financeiras, a falta de confiança para aplicar esse conhecimento de forma prática pode comprometer sua estabilidade financeira.
Com o apoio dos pais, mentores e especialistas, esses jovens podem superar obstáculos e desenvolver estratégias eficazes para gerir suas finanças, usar o crédito de forma responsável e construir patrimônio ao longo do tempo. Além disso, a redefinição do conceito de riqueza, que valoriza tempo, liberdade e experiências, pode trazer benefícios para a saúde mental e qualidade de vida.
Por fim, a educação financeira adaptada às necessidades e valores da geração Z é fundamental para garantir que eles possam alcançar segurança financeira sem abrir mão de seus princípios e objetivos de vida.
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