Como o uso das redes sociais afeta o vocabulário e a memória das crianças

Publicado por Laura Liz Andrade em 20/12/2025. • Tempo de leitura: ~4 minutos.

Um estudo da UCSF revela que o uso das redes sociais pode prejudicar vocabulário e memória em crianças entre 9 e 11 anos. O texto explica os impactos cognitivos, causas e recomendações para uma relação equilibrada com as redes sociais.

O uso excessivo de telas pelas crianças é um tema recorrente entre especialistas e pais, e novos estudos vêm aprofundando nossa compreensão sobre os impactos específicos das redes sociais no desenvolvimento infantil. Um estudo recente da University of California San Francisco (UCSF), nos Estados Unidos, revelou que a atividade de rolar pelas redes sociais pode afetar diretamente o vocabulário e a memória das crianças, especialmente entre 9 e 11 anos de idade.

O estudo analisou dados de mais de 6 mil crianças participantes do estudo de longo prazo Adolescent Brain Cognitive Development (ABCD), que acompanha o uso de redes sociais. As crianças foram divididas em três grupos conforme o tempo diário dedicado às redes sociais até os 13 anos: o primeiro grupo usava pouco ou nenhuma rede social, o segundo grupo começou com pouco uso e chegou a cerca de uma hora por dia, e o terceiro grupo passava três horas ou mais diariamente nas plataformas.

Impactos no desempenho cognitivo

Todos os participantes realizaram testes cognitivos no início do estudo e no começo da adolescência. Os resultados indicaram que as crianças que usavam redes sociais cerca de uma hora por dia apresentaram pontuações de um a dois pontos a menos em testes de leitura e memória, em comparação às que não usavam redes sociais. Já aquelas que passavam três horas ou mais tiveram até cinco pontos a menos nesses testes.

Esses efeitos negativos não são atribuídos apenas ao tempo de tela, mas especificamente ao uso das redes sociais, que demandam uma navegação rápida e fragmentada, o que pode prejudicar a forma como o cérebro infantil processa informações.

Como as redes sociais afetam a memória e o vocabulário

Especialistas explicam que esse impacto ocorre devido a vários fatores relacionados ao uso das redes sociais:

  • Sobrecarga da atenção: As redes sociais oferecem estímulos rápidos e curtos, treinando o cérebro a funcionar de forma superficial, o que prejudica a memória e o foco.
  • Menos tempo para atividades que desenvolvem a linguagem: O tempo gasto rolando a tela substitui momentos importantes de leitura, brincadeiras simbólicas, conversas e exploração, que são fundamentais para ampliar o vocabulário e a memória.
  • Empobrecimento da linguagem: A comunicação nas redes sociais é simplificada, com uso frequente de gírias e emojis, limitando o contato das crianças com estruturas linguísticas mais complexas.
  • Impacto no sono e autorregulação: O uso excessivo, especialmente à noite, prejudica o sono, que é essencial para a consolidação da memória e para o desenvolvimento emocional e cognitivo.

Incentivando uma relação saudável com as redes sociais

Embora muitas redes sociais não permitam perfis para menores de 13 anos, é comum que crianças criem contas e consumam conteúdos. Por isso, a recomendação dos especialistas não é a proibição total, mas sim o equilíbrio e a consciência dos efeitos do uso dessas plataformas.

Para isso, é importante estabelecer um diálogo aberto com as crianças, definir limites claros de tempo para o uso das redes sociais e oferecer estímulos ricos, como livros e brincadeiras ao ar livre. Monitorar o conteúdo consumido, criar momentos sem telas, proteger o horário do sono e ser um exemplo são estratégias fundamentais para promover o uso saudável.

Além disso, incentivar que a criança desenvolva atividades sozinha e promova encontros sociais contribui para o seu desenvolvimento saudável. Afinal, as bases essenciais na infância continuam sendo o contato humano, a linguagem rica, o tempo livre, o movimento, a criatividade, a brincadeira, o afeto e a presença dos pais e cuidadores.

Considerações finais

O estudo da UCSF reforça a importância de compreender os impactos específicos do uso das redes sociais no cérebro em desenvolvimento das crianças. O uso excessivo dessas plataformas pode prejudicar habilidades cognitivas fundamentais como o vocabulário e a memória, influenciando negativamente o desempenho escolar e o desenvolvimento geral. Portanto, mais do que proibir, é essencial educar as crianças para uma relação equilibrada com as redes sociais, valorizando atividades que promovam o desenvolvimento cognitivo e emocional saudável. O cuidado, o diálogo e o exemplo dos adultos são pilares para garantir que as crianças usufruam dos benefícios da tecnologia sem comprometer seu crescimento integral.

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