Como o sono irregular no início da gravidez pode indicar risco de parto prematuro

Publicado por Luana Oliveira em 27/06/2025. • Tempo de leitura: ~6 minutos.

Um estudo inovador revelou que padrões irregulares de sono no início da gravidez podem ajudar a prever o parto prematuro, oferecendo uma nova ferramenta tecnológica para cuidados preventivos.

Se você já passou por noites agitadas no início da gravidez, sem saber se as mudanças no seu sono eram apenas desconforto ou efeito dos hormônios, saiba que você não está sozinha. Um estudo inovador revelou que esses padrões irregulares de sono podem indicar algo importante para os médicos.

O que o estudo revelou sobre sono e parto prematuro

O parto prematuro é a principal causa de morte infantil no mundo, e há décadas os profissionais de saúde enfrentam dificuldades para prever quais gestações estão em risco antes que seja tarde demais. Mas isso pode estar mudando graças a uma pesquisa conduzida por pesquisadores da Universidade de Washington em St. Louis.

Eles descobriram que padrões inconsistentes de sono no início da gravidez podem ajudar a prever o parto prematuro. Utilizando dispositivos vestíveis e técnicas de aprendizado de máquina, os médicos poderão contar com uma ferramenta não invasiva e tecnológica para identificar riscos muito antes dos sintomas aparecerem.

Por que isso é uma mudança importante

Durante anos, prever o parto prematuro foi um desafio baseado em suposições, histórico familiar, sintomas tardios ou fatores de risco vagos. Este estudo traz uma abordagem inovadora: um sinal precoce e objetivo que vem diretamente do corpo da gestante.

O diferencial está no momento da análise — os padrões de sono foram estudados antes das 20 semanas de gravidez, muito antes do terceiro trimestre, quando as alterações do sono são mais comuns. Isso significa que o risco pode ser identificado meses antes dos métodos atuais.

Além disso, a tecnologia usada é simples e acessível, com modelos de aprendizado de máquina fáceis de interpretar, facilitando a aplicação clínica. Como os dispositivos de actigrafia são vestíveis e não invasivos, o monitoramento pode ser feito no conforto do lar.

O que isso significa para as futuras mães

Este estudo não culpa as mulheres pelos problemas no sono. Na verdade, ele mostra que o corpo pode estar sinalizando estresse de formas sutis e poderosas — e a ciência está finalmente prestando atenção a esses sinais.

Para muitas gestantes, especialmente no começo da gravidez, o sono é instável devido a náuseas, ansiedade, desconfortos físicos e mudanças hormonais, que costumam ser ignorados pelo sistema de saúde.

A pesquisa valida o que muitas grávidas já suspeitavam: o sono alterado não é apenas um efeito colateral da gravidez, mas pode indicar como o corpo está se adaptando. Detectar esses sinais cedo pode permitir intervenções antes que surjam complicações.

O importante é entender que o sinal preditivo veio da variabilidade do sono, não da perfeição. Não se trata de dormir oito horas perfeitas, mas sim de observar se os horários para dormir são erráticos ou se o padrão muda muito de um dia para o outro.

O objetivo é oferecer um cuidado mais personalizado e preventivo, dando informações para que as mulheres se sintam apoiadas, não pressionadas.

O que saber sobre sono e gravidez

O sono na gravidez é complexo, não apenas por causa do crescimento da barriga ou idas ao banheiro à noite. Mudanças hormonais, aumento do metabolismo e alterações na respiração também afetam o descanso.

Alguns pontos importantes:

  • A necessidade de sono aumenta no primeiro trimestre, devido à elevação da progesterona;
  • Distúrbios do sono são comuns mesmo no início da gestação, mas mudanças persistentes, como ficar acordada até muito tarde ou acordar várias vezes, merecem atenção;
  • Pesquisas anteriores relacionaram o sono ruim a diabetes gestacional, pressão alta e transtornos de humor; agora o parto prematuro também está nessa lista;
  • Alterações no sono não indicam culpa, mas podem ajudar a entender como o corpo está lidando com a gestação e auxiliar o acompanhamento médico.

Por que os padrões de sono importam mais que a quantidade

Geralmente, focamos na quantidade de sono, mas o estudo mostra que a regularidade pode ser ainda mais crucial, especialmente na gravidez.

Os pesquisadores observaram que gestantes com padrões de sono mais variáveis — mudanças frequentes no horário de dormir, acordar e duração do sono — tinham maior risco de parto prematuro.

Mesmo com horas totais de sono semelhantes, horários irregulares indicavam maior probabilidade de parto antecipado do que um sono consistentemente curto.

Isso acontece porque o relógio biológico, ou ritmo circadiano, regula hormônios, respostas imunes e inflamação, todos essenciais na gravidez. Alterações constantes nesse ritmo podem sinalizar estresse corporal, mesmo sem percepção consciente.

A mensagem é clara: não se trata de sono perfeito, mas de manter um ritmo estável que o corpo possa confiar.

Dicas para manter uma rotina de sono regular no início da gravidez

Manter uma rotina de sono durante a gravidez pode parecer difícil, mas pequenas mudanças ajudam bastante. Veja algumas estratégias práticas para ajudar seu corpo a encontrar um ritmo:

  • Defina um horário fixo para acordar, mesmo que o horário de dormir varie, para ajudar a ajustar o relógio interno;
  • Crie uma rotina relaxante para a hora de dormir, como diminuir as luzes, alongar-se suavemente ou ler, para preparar o cérebro para o sono;
  • Evite telas perto da hora de dormir, pois a luz azul atrapalha a produção de melatonina; use modo noturno ou desligue os dispositivos 30 a 60 minutos antes;
  • Cuidado com cochilos longos ou tarde demais, que podem dificultar o sono noturno;
  • Seja paciente e gentil consigo mesma. Nem todas as noites serão perfeitas e tudo bem. Consistência é tentar encontrar um padrão que seu corpo possa seguir.

Lembre-se, o objetivo não é resolver o sono do dia para a noite, mas ajudar o corpo a se sentir seguro, apoiado e estável durante essa fase de grandes mudanças.

Considerações finais

O estudo sobre os padrões de sono no início da gravidez traz uma nova perspectiva para o cuidado materno. Mais do que um simples desconforto, o sono irregular pode ser um sinal importante do corpo, indicando riscos reais como o parto prematuro.

Com o avanço da tecnologia e a aplicação de aprendizado de máquina, a medicina ganha uma ferramenta poderosa para identificar esses riscos de forma precoce e não invasiva, oferecendo cuidados mais personalizados e eficientes.

Para as futuras mães, entender que a variabilidade no sono é normal e pode ser monitorada traz segurança e apoio, e não culpa. Pequenas mudanças na rotina podem ajudar a estabilizar o ritmo do sono e contribuir para uma gestação mais tranquila e saudável.

Portanto, fique atenta aos sinais do seu corpo e saiba que a ciência está cada vez mais próxima de oferecer soluções que cuidam de você e do seu bebê desde o início da gravidez.

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