Como lidar com a resistência ao desfralde: causas e dicas práticas

Publicado por Laura Liz Andrade em 27/08/2025. • Tempo de leitura: ~6 minutos.

Entenda por que a criança resiste ao desfralde, quais são as causas comuns e dicas práticas para tornar esse processo mais tranquilo e respeitoso para mães e famílias brasileiras.

O desfralde é uma etapa importante no desenvolvimento infantil, mas pode ser um processo lento e delicado para muitas famílias. Mesmo quando a criança demonstra sinais de estar pronta para usar o penico ou vaso sanitário, é comum que ela resista a deixar a fralda para trás. Esse comportamento gera dúvidas e preocupações entre os pais, que buscam entender o motivo dessa resistência e como ajudar seus filhos a superá-la de forma tranquila e respeitosa.

Por que a criança resiste ao desfralde?

Segundo Silvia Ueno Leonetti, terapeuta ocupacional conhecida como “Fada do Cocô”, a resistência ao desfralde é mais comum do que se imagina e tem um nome específico: resistência ao toalete. Essa recusa não deve ser interpretada como teimosia ou manipulação, mas sim como um pedido de ajuda da criança. As causas podem estar relacionadas a fatores físicos, emocionais e sensoriais, como constipação intestinal, insegurança emocional, questões sensoriais ou até o vínculo com os cuidadores.

Possíveis causas da resistência ao desfralde

Diversos motivos podem levar a criança a continuar usando fraldas, mesmo estando madura para deixá-las. Entre os mais frequentes estão:

  • Apego exagerado à fralda, que proporciona uma sensação de conforto devido ao abafamento da região íntima;
  • Prazer sensorial em estar suja de cocô, uma experiência relatada por algumas crianças;
  • Medo de cair no vaso sanitário ou desconforto com a temperatura ao sentar no penico;
  • Busca por atenção dos pais durante a troca de fraldas, principalmente após o nascimento de um irmão;
  • Falta de estímulo e ausência de exemplo, quando a criança nunca viu os pais utilizando o banheiro;
  • Descontinuidade nos estímulos, ou seja, a criança pode ter se interessado pelo processo, mas não foi incentivada de forma constante;
  • Dificuldade de adaptação a atividades novas, incluindo o uso do vaso sanitário.

Além disso, Silvia destaca a importância de descartar causas clínicas, como constipação, atrasos no desenvolvimento ou questões neurológicas, sempre com diagnóstico realizado por profissional qualificado.

Desfralde tardio pode causar sofrimento

O desfralde deve ser um processo respeitoso, sem pressa ou negligência. A terapeuta alerta que o desfralde tardio pode causar sofrimento não só para a criança, mas também para adolescentes e suas famílias. Esse sofrimento poderia ser evitado com uma abordagem cuidadosa e preventiva, que respeite o ritmo e as necessidades individuais da criança.

Uma prática recomendada desde o primeiro ano de vida é a higiene natural, que consiste em posicionar o bebê de cócoras para facilitar a evacuação. Essa técnica auxilia na prevenção de cólicas, disquesia e assaduras, além de fortalecer o vínculo com os cuidadores e preparar a criança para o desfralde futuro.

Como é o xixi durante o desfralde?

É comum que a criança faça pouco xixi no início do processo de desfralde. Silvia explica que desfraldar não significa apenas parar de usar fralda, mas também ajudar a criança a entender e confiar no próprio corpo. Isso exige tempo, escuta, respeito e um ambiente emocional seguro para que a criança possa se sentir confortável e segura.

Quando o desfralde não acontece conforme o esperado, o caminho não deve ser o castigo, a cobrança ou a comparação com outras crianças. O mais importante é oferecer acolhimento, observação atenta e suporte adequado para que o processo ocorra no ritmo da criança, respeitando suas necessidades e sem pressa dos adultos.

Dicas para facilitar o processo de desfralde

Para tornar o desfralde mais divertido e lúdico, Silvia Ueno Leonetti compartilha algumas sugestões práticas:

  • Ensinar sobre o sistema digestivo, explicando para a criança como o corpo transforma o que comemos e bebemos em xixi e cocô, despertando seu interesse;
  • Dar autonomia e independência, adaptando o banheiro, utilizando roupas fáceis de tirar e incentivando a criança a reconhecer a sensação da bexiga cheia sem cobranças constantes;
  • Usar pegadinhas no caminho até o banheiro, pequenas pistas que ajudam a criança a manter o foco até chegar ao penico ou vaso sanitário;
  • Adicionar corante ou produto de limpeza colorido no vaso para tornar o momento mais divertido, com personagens que “esperam” o xixi da criança;
  • Fazer uma despedida gradual da fralda, permitindo que a criança ainda use a fralda sentada no vaso adaptado, escolher um bichinho de pelúcia para acompanhar a fralda e oferecer suporte emocional durante a transição.

Silvia reforça que o único desfralde seguro é aquele protagonizado pela criança, que deve se sentir à vontade para fazer xixi ou cocô e ir ao banheiro no seu próprio ritmo.

Desfralde noturno

Além do desfralde diurno, existem orientações específicas para a retirada da fralda durante a noite. Esse processo deve respeitar o tempo e as necessidades de cada criança, garantindo conforto e segurança durante o sono.

O desfralde é uma etapa natural e essencial no desenvolvimento de crianças, que deve ser conduzida com paciência, respeito e amor. Com conhecimento, suporte adequado e atenção às necessidades individuais, é possível transformar esse momento em uma experiência positiva para toda a família.

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Considerações finais

O processo de desfralde é único para cada criança e deve ser encarado com compreensão e respeito. Entender as causas da resistência, evitar pressões e oferecer um ambiente acolhedor são fundamentais para que a criança se sinta segura e confiante. Com as estratégias adequadas e apoio dos cuidadores, o desfralde pode ser uma fase tranquila e até divertida, fortalecendo o vínculo familiar e promovendo o desenvolvimento saudável dos pequenos.

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