Como fortalecer a relação entre pais e adolescentes na fase de afastamento

É comum que adolescentes se afastem dos pais, passem muitas horas no quarto e evitem eventos familiares. Essa fase traz desafios tanto para os jovens quanto para os pais, que frequentemente se perguntam como podem se reaproximar dos filhos.

Segundo Katherine Sorroche, psicóloga perinatal especializada em saúde mental materna, o distanciamento nessa etapa é um processo natural do desenvolvimento, no qual o adolescente busca sua identidade, autonomia e intimidade com seus pares.

Como cultivar uma relação de confiança

Para evitar o afastamento, é fundamental cultivar uma relação de confiança antes e durante a adolescência, oferecendo um espaço seguro para que os jovens possam falar sem medo de julgamento ou sermão. Algumas dicas importantes são:

• Ouvir mais do que falar;
• Respeitar os momentos de solidão;
• Evitar transformar cada interação em cobrança;
• Demonstrar interesse pelos assuntos que são importantes para eles.

A chave é manter um vínculo baseado no respeito e na confiança, e não no controle.

Como agir quando o afastamento já ocorreu

Reconstruir a relação após o afastamento exige tempo, paciência e delicadeza. Forçar a aproximação pode aumentar a resistência do jovem. Comece refletindo sobre o que você tem oferecido ao seu filho: um ouvido atento ou julgamento? Um abraço ou cobrança? Um espaço para ser ele mesmo ou uma lista de expectativas?

Reaproxime-se aos poucos com convites simples e sem pressão, como um passeio, um jogo ou um lanche. Durante as conversas, evite críticas e conselhos imediatos, acolhendo o que o jovem quiser compartilhar.

Mostrar vulnerabilidade também ajuda: peça desculpas quando errar, reconheça que não sabe tudo, demonstre que sente falta e está disposto a ouvir. Cada pequena interação pode fortalecer o vínculo.

Na adolescência, o importante é manter o vínculo firme, mesmo que o jovem queira se afastar. Estar presente, disponível e com o coração aberto ajuda os filhos a encontrarem o caminho de volta no seu tempo.

Três experiências de mães que ajudaram a fortalecer a relação

Algumas mães compartilharam estratégias que ajudaram a se aproximar dos filhos:

• Uma mãe aprendeu a fazer tricô em tear, e suas filhas de 7 e 9 anos se interessaram, criando peças para usar e vender, o que fortaleceu a relação.
• Outra mãe acompanha o filho de 13 anos nos treinos de futsal, demonstrando interesse pelo esporte dele, o que gerou momentos de conexão, inclusive com dedicatórias de gols.
• Uma terceira mãe investe em atividades diferentes com cada filha, respeitando as personalidades distintas e criando momentos de leitura, passeios e conversas sinceras, sempre sem julgamentos.

Além disso, promover momentos especiais entre pai e filho, como cantar e tocar música juntos, cria memórias afetivas e fortalece o vínculo sem a presença da mãe.

Considerações finais

A adolescência é um período natural de busca por autonomia e identidade, o que pode gerar afastamento dos pais. No entanto, cultivar uma relação baseada em respeito, confiança e diálogo aberto antes e durante essa fase é essencial para manter o vínculo familiar. Quando o afastamento já ocorreu, a paciência, a delicadeza e a disponibilidade para ouvir são as melhores ferramentas para reconstruir a relação. Exemplos reais de mães que investiram em atividades compartilhadas mostram que o interesse genuíno e o respeito às individualidades fortalecem a conexão com os filhos. Por fim, a presença constante, o carinho e a empatia são fundamentais para que os adolescentes se sintam acolhidos e possam retornar ao convívio familiar no seu próprio tempo.