Como ensinar crianças a valorizar o dinheiro desde cedo

Ensinar as crianças sobre a importância do dinheiro e como utilizá-lo pode começar muito antes do que os pais imaginam. Geralmente, a própria criança indica quando está pronta para aprender sobre finanças, como na primeira vez que pede para os pais comprarem algo para ela, explica Cássia D’Aquino, especialista em educação financeira para crianças. Esse pedido costuma acontecer por volta dos dois anos de idade, e a partir daí, os pais têm a oportunidade de iniciar a delicada tarefa de educar financeiramente os filhos, um processo que pode durar pelo menos 20 anos.

Por que ensinar a valorizar o dinheiro desde pequeno?

Cássia destaca que a infância é uma fase fundamental para a formação de valores, pois grande parte do que somos na vida adulta é influenciado pelas experiências até os cinco ou seis anos de idade. O objetivo da educação financeira na infância não é transformar as crianças em especialistas, mas sim construir uma base sólida para que desenvolvam uma relação saudável e responsável com o dinheiro no futuro. Quanto mais cedo os pais estiverem atentos a esse tema, melhor será o resultado, respeitando as limitações cognitivas e emocionais das crianças.

O dinheiro da mamãe: como falar sobre orçamento familiar com os filhos?

O exemplo dos pais é fundamental para a aprendizagem financeira das crianças, pois o ambiente familiar é sua principal referência. É possível introduzir a educação financeira de forma natural e divertida no dia a dia. Uma técnica recomendada é envolver as crianças na elaboração da lista de compras, mesmo as mais novas, a partir de dois anos. Elas podem ajudar verificando o que está faltando na despensa, como sabonetes, por exemplo. Isso faz com que a criança entenda que suas opiniões são valorizadas.

Na hora das compras, mostrar que o item indicado será adquirido ensina que o uso do dinheiro exige planejamento e responsabilidade.

Mesada: quando e como começar?

A mesada é uma ferramenta importante para desenvolver a autonomia financeira das crianças, permitindo que elas aprendam a administrar um pequeno orçamento e poupar. Até os 11 anos, o ideal é oferecer uma quantia semanal, e a partir dos 12 anos, uma mesada mensal. O valor deve ser suficiente para que a criança possa comprar algo e também para que consiga economizar, estimulando o hábito do planejamento financeiro. Há até uma fórmula disponível para calcular o valor ideal de acordo com a idade da criança.

Erros comuns dos pais ao falar de dinheiro com os filhos

Mesmo com boas intenções, algumas atitudes podem prejudicar o aprendizado financeiro das crianças. Entre os erros mais comuns estão:

• Ansiedade excessiva: preocupação exagerada e insistente sobre dinheiro, pressionando a criança a entender conceitos avançados antes da hora.
• Pressionar a criança com temas adultos: abordar assuntos financeiros complexos que não fazem parte do universo infantil.
• Expor demais os problemas financeiros da família: isso pode associar o dinheiro a sofrimento e culpa, causando impacto negativo na criança.
• Vincular a mesada a notas escolares ou tarefas domésticas: isso pode ensinar que o dinheiro só vem mediante serviço, o que pode gerar uma preocupação excessiva.

Livros para começar a conversa

A leitura é uma excelente forma de iniciar o diálogo sobre dinheiro com as crianças. Entre os livros indicados estão:

• Como se fosse dinheiro, de Ruth Rocha
• A menina, o cofrinho e a vovó, de Cora Coralina
• Ganhei um dinheirinho: o que posso fazer com ele?, de Cássia D’Aquino
• Dinheiro compra tudo?, de Cássia D’Aquino

Educar financeiramente as crianças é um investimento a longo prazo que pode garantir uma relação saudável com o dinheiro na vida adulta. Começar cedo, respeitando o ritmo e a compreensão dos pequenos, e usar ferramentas como o exemplo dos pais, a mesada e a leitura são estratégias eficazes para construir essa base sólida. Assim, as crianças crescem preparadas para tomar decisões financeiras conscientes e responsáveis.