Como bailarinas desafiam a maternidade e inspiram mudanças no trabalho

Publicado por Luana Oliveira em 15/07/2025. • Tempo de leitura: ~4 minutos.

Bailarinas desafiam antigas regras do balé para que maternidade seja respeitada no trabalho, inspirando mudanças em diversos setores e reforçando o direito das mães de serem vistas e apoiadas.

Imagine uma bailarina no pós-parto, vestindo seu collant com bombas eletrônicas de leite escondidas, porque o espetáculo deve continuar, assim como a amamentação. Essa foi a realidade de Allison DeBona ao retornar ao Ballet West após o nascimento de seu primeiro filho. Ela foi elogiada por sua rápida volta, mesmo enfrentando exaustão e depressão pós-parto nos bastidores.

Enquanto isso, no American Ballet Theatre (ABT), Betsy McBride estava se apresentando em "O Lago dos Cisnes" poucos dias após descobrir que estava grávida, antes de passar a dar aulas para manter sua renda durante as mudanças no corpo.

Por gerações, companhias de balé exigiram que a gravidez fosse invisível. Licença maternidade era não remunerada ou parcial, as bailarinas precisavam usar licença médica antes mesmo do parto, e corpos no pós-parto eram vistos como "incômodos" para a arte. Como disse Alexandra Basmagy, ex-soloista do ABT, "nos dizem que devemos fazer isso 'pelo amor à arte', mas ainda temos contas a pagar e famílias para criar."

Mas as mães no balé decidiram resistir e estão mudando essa realidade.

Se tudo isso parece familiar, é porque a abordagem antiga do balé à maternidade não é única. Em muitas áreas, a gravidez ainda é tratada como um problema pessoal que deve ser minimizado, escondido ou até punido.

Profissionais freelancers enfrentam a falta de licença formal; trabalhadores da saúde trabalham até o parto ou usam dias de doença para cuidar dos recém-nascidos; fundadores de startups planejam a fertilidade em torno de eventos financeiros porque não podem se afastar. Os Estados Unidos são o único país rico sem garantia federal de licença remunerada, o que reflete na diferença salarial entre mulheres e homens ao longo da carreira.

Além disso, a saúde materna, especialmente para mães negras e indígenas, ainda apresenta resultados preocupantes devido à negligência sistêmica.

O que as bailarinas estão exigindo é mais do que novas cláusulas contratuais. É o direito de ter um corpo que muda, uma mente que precisa de descanso, uma vida que permita cuidar e viver a complexidade além das demandas do trabalho. É rejeitar a ideia de que a maternidade é um incômodo privado a ser gerenciado às escondidas.

Também é um lembrete urgente de que os sistemas foram pensados para carreiras masculinas ininterruptas. Mudar isso requer poder coletivo.

O progresso conquistado no balé serve de exemplo para outros setores, onde jornalistas sindicalizados, enfermeiras e trabalhadores de tecnologia também lutam por melhores condições para pais e mães.

Hoje, bailarinas como McBride e Zhong-Jing Fang no ABT podem manter seus salários completos enquanto dão aulas ou ensaiam até o momento do parto. Elas mostram uma nova narrativa, onde a maternidade impulsiona o poder criativo no palco, e não o interrompe.

Como Fang disse, ser bailarina e mãe "é criar um pacote completo de quem você está se tornando no palco."

Essa é a mensagem para todos nós: as partes desafiadoras e transformadoras da maternidade merecem ser vistas e respeitadas em todos os espaços, inclusive no trabalho.

Você pode exigir um mundo onde a maternidade seja considerada essencial para uma forma mais inclusiva e humana de trabalhar e viver.

Porque, independentemente do setor, as mães merecem ser vistas, ouvidas e apoiadas.

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