Coca-Cola lança versão com açúcar de cana: entenda os impactos para a saúde das crianças
Publicado por Luana Oliveira em 04/08/2025. • Tempo de leitura: ~6 minutos.
A Coca-Cola lançará versão com açúcar de cana nos EUA, mas especialistas alertam que não é mais saudável que o xarope de milho. Entenda os impactos para a saúde das crianças e dicas para consumo responsável.
A Coca-Cola anunciou o lançamento de uma nova versão de sua bebida feita com açúcar de cana, que substituirá o tradicional xarope de milho com alto teor de frutose, previsto para este outono. Essa novidade visa complementar o portfólio da empresa, oferecendo mais opções para os consumidores em diferentes ocasiões e preferências, conforme divulgado no relatório financeiro do segundo trimestre de 2025, em 22 de julho.
Embora a receita com açúcar de cana não seja totalmente inédita — pois a Coca-Cola já comercializa bebidas com esse tipo de adoçante em países como México e algumas nações europeias —, trazê-la para o mercado dos Estados Unidos representa uma novidade significativa. Essa mudança gerou debates, especialmente sobre a suposta vantagem do açúcar de cana em relação ao xarope de milho com alto teor de frutose (HFCS) em termos de saúde.
Açúcar de cana versus xarope de milho com alto teor de frutose
O açúcar de cana e o HFCS são formas de açúcar, porém obtidas de fontes diferentes. O açúcar de cana provém da planta cana-de-açúcar e consiste em dois açúcares simples: aproximadamente metade glicose e metade frutose, esta última conhecida como o "açúcar da fruta", presente em muitos alimentos vegetais. Já o HFCS é um xarope derivado do amido do milho, inicialmente composto principalmente por glicose, que é parcialmente convertida em frutose por meio de enzimas, aumentando seu teor de frutose.
Segundo Alicia Miller, nutricionista registrada em Montgomery, Alabama, nenhum dos dois adoçantes é inerentemente ruim, e ambos podem fazer parte de uma dieta equilibrada quando consumidos com moderação.
O açúcar de cana é mais saudável que o xarope de milho?
Apesar da percepção comum de que o açúcar de cana seria mais saudável, não há evidências científicas que comprovem essa diferença, especialmente para a saúde metabólica. Alicia Miller destaca que ambos são nutricionalmente quase idênticos e exercem o mesmo efeito no organismo.
Alexis Law, nutricionista da Top Nutrition Coaching, reforça que ambos são açúcar, e o impacto será equivalente, a menos que a quantidade de açúcar no produto final seja reduzida.
É importante lembrar que o consumo regular e em grandes quantidades de qualquer um desses açúcares pode levar a problemas de saúde, como pressão alta, diabetes tipo 2 e doenças cardiovasculares.
Por que a percepção de que o açúcar de cana é melhor?
Essa crença está ligada à impressão de que o açúcar de cana é menos processado do que o HFCS. Para famílias que desejam minimizar o processamento dos alimentos, isso pode parecer uma escolha mais saudável. No entanto, Miller esclarece que menos processamento não significa automaticamente mais saudável, especialmente no caso de bebidas açucaradas como a Coca-Cola, cujo valor nutricional não é alterado pela troca do adoçante.
Uma lata de Coca-Cola contém aproximadamente 40 gramas de açúcar, independentemente do tipo de adoçante utilizado. A Academia Americana de Pediatria (AAP) recomenda que crianças acima de 2 anos consumam menos de 25 gramas de açúcar adicionado por dia e que crianças menores de 2 anos evitem o consumo de açúcar adicionado.
Portanto, para as crianças, a Coca-Cola com açúcar de cana não representa uma opção mais saudável.
Como lidar com o consumo de refrigerantes pelas crianças?
Embora refrigerantes não contenham nutrientes essenciais, o consumo moderado é fundamental. Alexis Law explica que tomar uma bebida açucarada ocasionalmente não faz mal, mas pesquisas indicam que quase dois terços das crianças nos Estados Unidos consomem bebidas açucaradas diariamente.
A nutricionista Alicia Miller recomenda reduzir gradativamente o consumo de bebidas açucaradas caso a criança ingira mais de uma por dia, substituindo-as por opções mais saudáveis, como água ou leite.
Não é necessário eliminar totalmente os refrigerantes da dieta infantil, pois uma restrição muito rigorosa pode levar a excessos quando a criança tem oportunidade de consumir esses alimentos. O ideal é ensinar a desenvolver uma relação saudável com a alimentação, evitando rotular alimentos como "bons" ou "ruins", cuidando da comunicação sobre comida e corpo, e dando o exemplo com hábitos saudáveis.
Permitir que a criança tenha algum agrado ocasional também é importante para um equilíbrio alimentar sustentável.
Considerações finais
A substituição do xarope de milho com alto teor de frutose pelo açúcar de cana na Coca-Cola não altera significativamente o impacto da bebida na saúde das crianças. Ambos os adoçantes têm composição e efeitos metabólicos semelhantes, e seu consumo excessivo pode contribuir para problemas graves de saúde.
Para mães e gestantes brasileiras, é fundamental compreender que a moderação é a chave para o consumo de bebidas açucaradas. Incentivar hábitos alimentares equilibrados desde cedo, com ênfase na hidratação adequada e na preferência por alimentos naturais, é essencial para a saúde e o desenvolvimento saudável dos pequenos.
Assim, mesmo com a novidade do açúcar de cana, o ideal é controlar a ingestão de refrigerantes e priorizar sempre opções mais nutritivas e benéficas para o crescimento infantil.
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