A percepção que transforma a forma como vemos a parentalidade
Publicado por Luana Oliveira em 20/12/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.
A percepção de que os pais criam a nostalgia dos filhos em tempo real revela a importância do cuidado cotidiano e da presença, mesmo nas pequenas ações, para a construção das memórias afetivas na infância.
Existe um momento na paternidade que pode paralisar muitos pais. Não é um evento grandioso ou uma celebração especial, mas sim uma percepção silenciosa que surge durante as pequenas tarefas do dia a dia, como tirar a casca do sanduíche, vestir o pijama do filho ou cantar a mesma canção repetidamente no caminho para casa.
Um pai chamado Ethan Lapierre compartilhou essa experiência em um vídeo que viralizou, ao descrever a percepção de que os pais estão criando a nostalgia dos filhos em tempo real. Para muitos, essa ideia caiu como um peso carregado de delicadeza e intensidade, pois, ao perceber isso, não se pode mais deixar de enxergar o significado profundo por trás dos cuidados cotidianos.
Por que essa percepção é tão intensa
Essa consciência é ao mesmo tempo bonita e assustadora. A paternidade exige lidar com duas verdades simultâneas: ser necessário profundamente para o filho e, ao mesmo tempo, estar exausto pelas demandas do dia. Enquanto os pais moldam a infância dos filhos, também tentam apenas chegar ao momento da hora de dormir. Quando essas realidades se chocam, a percepção sobre a importância de cada gesto cotidiano pode se transformar em uma pressão emocional intensa.
Os pais passam a se questionar sobre o que seus filhos irão lembrar, se as memórias carregarão a paciência ou o estresse, e se estão fazendo o suficiente para construir uma infância feliz e segura. Essa reflexão pode tornar a percepção não apenas significativa, mas também avassaladora.
O que as crianças realmente carregam consigo
Quando ouvimos falar em "memórias centrais", é comum pensar em momentos especiais, feriados ou tradições familiares. No entanto, estudos e relatos indicam que o que realmente fica na memória das crianças são as sensações relacionadas ao cuidado cotidiano. Elas lembram se o ambiente era seguro, se se sentiam vistas e amadas, e se havia conforto, mesmo que imperfeito.
As crianças dificilmente guardarão na memória os horários exatos, o caos ou a bagunça do dia a dia. O que permanece são as sensações de aconchego na hora de dormir, a voz familiar dos pais no carro, ou a maneira como os pais reapareceram após momentos difíceis.
O cuidado cotidiano já é significativo
Uma das dificuldades para os pais é acreditar que as pequenas ações, aparentemente corriqueiras, são realmente importantes. No entanto, são justamente essas pequenas coisas que constroem a infância dos filhos. Tirar a casca do pão, sentar na beirada da cama para uma conversa rápida, reler o mesmo livro repetidas vezes — esses momentos ganham significado por sua constância, não por serem espetaculares.
Para os filhos, o que para os pais parece uma terça-feira comum pode ser o que define sua infância. O cuidado cotidiano não exige uma versão extraordinária do pai ou da mãe, mas sim presença, mesmo quando o cansaço aperta.
Quando a consciência vira pressão
Muitos pais sentem medo de que seus filhos se lembrem dos momentos em que estavam sobrecarregados, impacientes, ou estressados. Contudo, é importante lembrar que as crianças não guardam memórias isoladas, mas padrões e histórias maiores.
Elas lembram se o amor e o cuidado voltaram após as dificuldades, e não apenas os episódios difíceis. Nenhum pai será definido por uma tarde complicada, mas pela continuidade do amor e da presença ao longo do tempo. Estar presente em uma relação que aceita a humanidade do pai ou da mãe é o que realmente importa.
O que as pessoas estão dizendo
O vídeo de Ethan Lapierre gerou muitos comentários emocionados de pais que reconheceram a profundidade dessa percepção. Alguns ressaltaram que é uma sensação bonita e assustadora ao mesmo tempo, enquanto outros compararam essa consciência à responsabilidade pela magia do Natal, ou à transformação de se tornar adulto.
Essas reações coletivas mostram como essa percepção é universal e tocante para quem vive a experiência da parentalidade.
Considerações finais
A percepção de que estamos criando a nostalgia dos filhos em tempo real é uma reflexão poderosa que transforma a forma como vemos a parentalidade. Ela revela que o valor do cuidado cotidiano está na constância e na presença, não na perfeição ou em momentos grandiosos.
Para as mães e gestantes brasileiras, essa visão pode aliviar a pressão de ter que ser sempre extraordinárias e reforçar a importância de estar presente, mesmo nas pequenas ações do dia a dia. Afinal, são esses gestos simples que constroem as memórias afetivas que acompanharão os filhos pela vida toda.
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