A importância da formatura tardia de Joan Alexander para mães estudantes

Publicado por Bianca Andrade em 13/06/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.

Joan Alexander esperou mais de 60 anos para receber seu diploma, enfrentando barreiras por ser mãe. Sua história reflete desafios atuais de mães estudantes e inspira perseverança e esperança.

Joan Alexander esperou mais de seis décadas para viver um momento que mudou sua vida. Em 1959, prestes a se formar na Universidade do Maine, ela estudava para se tornar professora. Porém, ao engravidar de seu primeiro filho, foi impedida pela universidade de completar o estágio obrigatório, uma política comum na época que acreditava que gravidez e profissionalismo não podiam andar juntos.

Sem o diploma em mãos, Joan dedicou-se integralmente à maternidade, criando quatro filhas e atuando como voluntária em salas de aula. Apesar da vida plena, sentia um vazio que só percebeu anos depois: o desejo de concluir sua formação acadêmica. "Eu não tinha percebido que havia um grande vazio na minha vida, e era isso — um diploma", relatou em entrevista à NBC News.

Essa frase marcou profundamente sua filha mais nova, Tracey, que decidiu agir. Em 2023, entrou em contato com a Universidade do Maine para verificar se algo poderia ser feito. Após revisão dos registros, a universidade confirmou que Joan havia cumprido o requisito de ensino. Assim, em 2024, aos 88 anos, Joan finalmente cruzou o palco, provavelmente se tornando a formanda mais velha da história da instituição.

"Depois que recebi o diploma, esse vazio foi preenchido, e eu me senti uma pessoa completa", declarou Joan com emoção.

Por que a formatura de Joan Alexander representa mais do que um simples fechamento?

Esta história é um poderoso lembrete das barreiras que muitas mães enfrentaram e ainda enfrentam para continuar os estudos. Em 1959, Joan foi impedida de concluir seu curso simplesmente por estar grávida, uma política que reflete um legado de normas ultrapassadas e discriminação institucional contra mulheres.

Apesar do avanço legal com o Título IX, que tornou ilegal a discriminação contra estudantes grávidas e mães, a realidade atual ainda apresenta desafios. Muitas mães estudantes convivem com um sistema educacional que não foi pensado para suas necessidades específicas.

A trajetória de Joan, iniciada há mais de seis décadas, evidencia as lacunas persistentes e a força necessária para superá-las.

O que mudou para mães estudantes — e o que ainda precisa mudar?

O Título IX, aprovado em 1972, foi um marco na luta pela equidade na educação, protegendo estudantes grávidas e mães contra discriminação em instituições financiadas pelo governo federal.

No entanto, muitos desafios permanecem. Um relatório de 2021 da Generation Hope revelou que menos da metade das instituições de ensino superior oferecem creches, e a maioria não dispõe de suporte dedicado para pais estudantes.

Além disso, estudo do Instituto para Pesquisa de Políticas para Mulheres (IWPR) mostrou que 52% dos pais estudantes interrompem a matrícula em até seis anos sem retornar para concluir o curso, quase o dobro da taxa de estudantes sem filhos.

Fatores como falta de creche acessível, moradia, transporte, horários rígidos e ausência de apoio emocional contribuem para essa evasão.

Para mães que pensam em voltar a estudar

Se a história de Joan tocou seu coração, saiba que você não está sozinha e que existem instituições dedicadas a apoiar mães estudantes.

  • Student Parent Action Through Research Knowledge (SPARK): pesquisa nacional e defesa dos direitos dos pais estudantes.
  • Student Parent Success Initiative – IWPR: fornece dados e promove mudanças de políticas para mães estudantes.
  • Generation Hope: oferece mentoria, apoio financeiro e defesa dos direitos dos pais estudantes.
  • Child Care Access Means Parents in School (CCAMPIS): programa federal que ajuda escolas a financiar creches no campus para pais estudantes.

O diploma de Joan Alexander pode ter chegado com seis décadas de atraso, mas foi no momento certo. Sua história é um lembrete inspirador de que a maternidade pode alterar nossos prazos, mas jamais precisa anular nossos sonhos.

Considerações finais

A trajetória de Joan Alexander é uma lição de perseverança e esperança para todas as mães que desejam continuar seus estudos. O preconceito e as barreiras institucionais do passado ainda ecoam em desafios atuais, mas o avanço das políticas e o apoio crescente mostram que é possível conciliar maternidade e educação.

Que a formatura tardia de Joan inspire mães em todo o Brasil a buscarem seus sonhos, lembrando que nunca é tarde para realizar conquistas pessoais e acadêmicas.

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