Gírias da Geração Z e Alpha
Publicado por Significado do Nome em 30/05/2025. • Tempo de leitura: ~4 minutos.
Se você é mãe ou está grávida, prepare-se: seu filho vai falar coisas que você não vai entender. A convivência com crianças e adolescentes da Geração Z (nascidos entre 1997-2010) e Alpha (a partir de 2011) é uma verdadeira aula de linguagem cifrada
Se você é mãe ou está grávida, prepare-se: seu filho vai falar coisas que você não vai entender. A convivência com crianças e adolescentes da Geração Z (nascidos entre 1997-2010) e Alpha (a partir de 2011) é uma verdadeira aula de linguagem cifrada. Frases como "seis sete", "sus" ou "tralero tralala" dominam as conversas, deixando muitos pais perdidos.
Esse fenômeno tem até nome: "brain rot" (ou "apodrecimento cerebral", em tradução livre). Apesar do termo alarmante, especialistas garantem que é um comportamento normal do desenvolvimento infantil. Mas por que essas gírias são tão viciantes? E quando os pais devem se preocupar?
Por que as crianças repetem tanto essas gírias?
"Algumas frases são simplesmente divertidas de dizer", explica a psicóloga clínica Carolina Estevez. "Elas têm um ritmo cativante, soam engraçadas ou fazem parte de tendências virais que todos estão compartilhando."
No Brasil, exemplos não faltam. Quem nunca ouviu crianças repetindo "é o bicho, paizão" ou "tá saindo da jaula o monstro"? Essas expressões viralizam em apps como TikTok e YouTube, criando um vocabulário compartilhado entre os mais jovens.
Além da diversão, há um componente social importante. "Usar essas gírias é uma forma de pertencimento", diz Estevez. "Quando a criança repete o que os amigos estão dizendo, ela está se conectando ao grupo."
Esse comportamento é novo ou sempre existiu?
Quem cresceu nos anos 90 lembra de frases como "tá dominado!" ou "chuva, chuvisco, chuvarada". As crianças sempre tiveram suas gírias. A diferença está na velocidade com que elas se espalham hoje.
"Antes, as expressões demoravam meses para se popularizar na escola toda. Agora, um meme postado de manhã pode virar febre nacional à tarde", explica a especialista. Plataformas como Kwai e Instagram Reels aceleram esse processo, criando ciclos mais rápidos de tendências linguísticas.
Quando a repetição de gírias pode ser preocupante?
Na maioria dos casos, esse comportamento é saudável e passageiro. Mas há situações que merecem atenção:
- Quando interfere nas interações sociais da criança
- Se vem acompanhado de ansiedade ou frustração
- Quando a repetição parece involuntária ou desconectada do contexto
"Para crianças neurodivergentes, repetir frases pode ser uma forma de autorregulação", alerta Estevez. "Se houver dúvidas, o ideal é conversar com um pediatra ou psicólogo infantil."
Como os pais devem lidar com o "brain rot"?
Primeiro: mantenha a calma. Esse é um comportamento normal do desenvolvimento linguístico. Algumas dicas práticas:
- Mostre interesse - peça para explicarem o significado das gírias
- Estabeleça limites - combinar "horários sem internet" ajuda a dosar o conteúdo
- Use como oportunidade educativa - discuta como a linguagem evolui com o tempo
No Brasil, onde o acesso à internet começa cada vez mais cedo, esse diálogo é essencial. Uma pesquisa do TIC Kids Online Brasil mostrou que 89% das crianças e adolescentes entre 9-17 anos são usuários de Internet.
Considerações finais
O "brain rot" não é tão assustador quanto parece. Essas gírias são apenas a versão digital do que todas as gerações fizeram: criar códigos próprios para se conectar com seus pares. No passado eram os gibis e programas de TV. Hoje são os memes e vídeos curtos.
Para os pais, o segredo é equilibrar compreensão com orientação. Entender que essa fase faz parte do crescimento, mas também estar atento a possíveis excessos. Afinal, daqui a alguns anos, serão seus netos falando coisas que seus filhos não vão entender - e o ciclo continuará.
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