Saúde mental materna

Publicado por Laura Liz Andrade em 29/05/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.

Um estudo recente revela uma acentuada queda na saúde mental materna, com mães de pré-escolares sendo especialmente afetadas.

Nos últimos anos, um fenômeno preocupante tem se destacado nos consultórios médicos e pesquisas científicas: a saúde mental das mães está em declínio acentuado.

Estudo realizado por pesquisadores da Columbia e da Universidade de Michigan, analisando dados de quase 200.000 mães entre 2016 e 2023, revela um quadro alarmante que atinge mulheres em todo o mundo - incluindo as mães brasileiras.

Os números que preocupam

Os dados mostram uma deterioração significativa na saúde mental materna:

  • Em 2016, apenas 5% das mães relatavam saúde mental "regular" ou "ruim" - em 2023, esse número saltou para 8,3%
  • A porcentagem de mães que classificavam sua saúde mental como "excelente" caiu de 38,4% para 25,8%
  • Mães de crianças em idade pré-escolar apresentaram os piores índices, com taxas mais que dobrando
  • A diferença de gênero persiste: mães têm quase o dobro de chances de relatar saúde mental ruim comparado aos pais

No contexto brasileiro, esses números ganham contornos ainda mais graves quando consideramos que, segundo a OMS, o Brasil já possui a maior taxa de depressão da América Latina, com as mães sendo especialmente vulneráveis :cite[4].

As causas por trás da crise

O que está levando a essa deterioração acelerada do bem-estar mental das mães? Os pesquisadores apontam para uma combinação complexa de fatores:

  • Acesso limitado a cuidados de saúde mental - no Brasil, apenas 30% dos casos de depressão recebem tratamento adequado
  • Isolamento social agravado pela pandemia e pelas novas dinâmicas familiares
  • Pressões econômicas como inflação e custo de vida
  • Sobrecarga mental e física do cuidado infantil
  • Influência das redes sociais e padrões irreais de maternidade

Para as mães brasileiras, esse cenário se combina com desafios específicos como a falta de rede de apoio, jornadas triplas de trabalho e desigualdades sociais persistentes :cite[6].

Por que as mães de pré-escolares sofrem mais

Um dos achados mais impactantes do estudo foi o agravamento dos problemas de saúde mental entre mães de crianças de 2 a 5 anos. Essa fase traz desafios únicos:

  • Demanda física constante - crianças nessa idade têm energia inesgotável
  • Desafios emocionais intensos - fase de birras, adaptação social e regulação emocional
  • Comparações sociais - preocupação excessiva com marcos do desenvolvimento
  • Transição para a escola - nova rotina e exigências

No Brasil, onde muitas mães precisam retornar ao trabalho nessa fase, o estresse se amplifica pela dificuldade em conciliar carreira e maternidade :cite[3].

A desigualdade de gênero na saúde mental

A persistente diferença entre mães e pais revela como as pressões de gênero continuam impactando o bem-estar:

  • Mães ainda carregam o peso maior do cuidado infantil e das tarefas domésticas
  • Pressão social por padrões irreais de "mãe perfeita"
  • Efeitos físicos e hormonais da gravidez e parto que podem perdurar
  • Dificuldade em conciliar vida profissional e pessoal

No Brasil, onde 45% das famílias são chefiadas por mulheres, essa sobrecarga se torna ainda mais evidente :cite[6].

Estratégias para proteger a saúde mental materna

Diante desse cenário, quais ações podem fazer diferença? Especialistas sugerem uma abordagem em três frentes:

1. Preparação antecipada

Criar um plano de autocuidado durante a gravidez é fundamental. Isso inclui:

  • Identificar pessoas de apoio antes do parto
  • Definir divisão clara de tarefas domésticas e cuidados
  • Estabelecer canais abertos de comunicação sobre saúde mental

2. Rede de apoio ativa

No Brasil, onde o apoio familiar tradicional vem diminuindo, é essencial:

  • Distribuir responsabilidades de forma clara
  • Normalizar pedidos de ajuda
  • Buscar grupos de apoio como os oferecidos pela Postpartum Support International :cite[1]

3. Acesso a recursos profissionais

Conhecer e utilizar os recursos disponíveis:

  • Linha de Apoio à Saúde Mental Materna (1-833-9-HELP4MOMS) :cite[2]
  • Programas como o Conectar por PSI, com suporte na palma da mão :cite[1]
  • Acompanhamento psicológico especializado

Considerações finais

A saúde mental materna não é um problema individual, mas social. Os dados revelam uma crise que exige ação coletiva - desde políticas públicas até mudanças culturais. Para as mães brasileiras, enfrentar esse desafio significa:

  • Reconhecer que buscar ajuda é sinal de força, não fraqueza
  • Romper com o mito da "mãe perfeita"
  • Exigir sistemas de saúde mais preparados
  • Construir redes de apoio sólidas

A maternidade pode ser transformadora, mas também desafiadora. Cuidar das mães é cuidar do futuro da sociedade. Como mostra o estudo, quando a saúde mental materna declina, toda a família é afetada. É hora de colocar o bem-estar das mães no centro das prioridades.

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