Prevenção de afogamentos em crianças: dicas para famílias

Publicado por Bianca Andrade em 20/06/2025. • Tempo de leitura: ~7 minutos.

O afogamento é a principal causa de morte acidental entre crianças pequenas e uma tragédia que pode ser evitada. Conheça as idades mais vulneráveis, os riscos mesmo em casas "seguras" e as estratégias comprovadas para prevenir acidentes com crianças na água.

Você se vira por apenas um momento. Talvez esteja pegando uma toalha, conferindo seu e-mail ou correndo atrás de um bebê que acabou de pegar seu celular. E nesse piscar de olhos — antes que perceba — seu filho desapareceu de vista. Para muitas famílias, é assim que tudo começa.

Segundo o CDC, em 2024, o afogamento continua sendo a principal causa de morte acidental entre crianças de 1 a 4 anos nos EUA, e a segunda maior causa entre crianças e adolescentes de 5 a 14 anos. É rápido. É silencioso. E, tragicamente, muitas vezes pode ser evitado.

As idades mais vulneráveis

De acordo com a Academia Americana de Pediatria (AAP), o risco de afogamento varia conforme a idade:

  • Bebês com menos de 1 ano têm maior risco de se afogar em banheiras, baldes ou vasos sanitários — dentro de casa.
  • Crianças pequenas e pré-escolares (de 1 a 4 anos) estão mais expostas a piscinas residenciais, especialmente em momentos de supervisão ausente.
  • Crianças maiores e adolescentes costumam se afogar em corpos d’água naturais, como lagos, rios e oceanos — principalmente meninos, que tendem a superestimar suas habilidades de natação.

A Dra. Sarah Denny, médica da Divisão de Cuidados Pediátricos Primários do Nationwide Children’s Hospital e autora principal do novo relatório técnico da AAP sobre prevenção de afogamentos, explicou no podcast Pediatrics On Call: "Sabemos que o local do afogamento varia conforme a idade. Para crianças menores de um ano, o risco maior é dentro de casa, na banheira, em baldes ou até no vaso sanitário. Por isso, devemos orientar as famílias, nas consultas com recém-nascidos e bebês, sobre como prevenir afogamentos domésticos."

Por que o afogamento ainda acontece — mesmo em casas “seguras”

Apesar das campanhas de conscientização, o afogamento ainda ocorre por uma dura realidade: é geralmente silencioso e rápido. Pode acontecer em menos de 30 segundos, com apenas 2 a 5 centímetros de água.

A vida moderna também dificulta a vigilância constante:

  • Smartphones e multitarefas geram distrações, mesmo para os cuidadores mais atentos.
  • Aluguéis de temporada, como Airbnbs, frequentemente não têm cercas de proteção adequadas nas piscinas.
  • Pais solteiros ou cuidadores sozinhos enfrentam desafios para supervisionar o tempo todo.

O que funciona: estratégias comprovadas para prevenção de afogamentos

A AAP recomenda uma combinação de medidas, pois nenhuma sozinha é suficiente. Veja as orientações dos especialistas:

Supervisione constantemente, de perto e sem distrações

Mesmo com salva-vidas presente. Mesmo por um segundo rápido. Mesmo que seu filho use boias.

Para crianças pequenas, fique a um braço de distância, o que a AAP chama de “supervisão tátil”.

Em festas ou reuniões, designe um “observador da água” cuja única função é vigiar as crianças, revezando a cada 15 minutos.

Mesmo com salva-vidas, você deve olhar para seu filho, sem usar o celular ou conversar com amigos. É fundamental manter os olhos nele.

Inscreva seu filho em aulas de natação (adequadas à idade)

As aulas podem começar a partir de 1 ano, dependendo do desenvolvimento da criança.

Não conte com as aulas para tornar seu filho à prova de afogamento — elas diminuem o risco, mas não eliminam.

Procure programas que ensinem habilidades de sobrevivência na água, como flutuar, manter-se na água e chegar à borda, não só os estilos de nado.

A Dra. Denny reforça: “Aulas de natação ajudam a prevenir afogamentos, mas são apenas uma das camadas de proteção. O momento certo para começar depende do desenvolvimento de cada criança. Recomendo que os pais conversem com o pediatra para saber o que é adequado para seu filho.”

Diga não às boias que parecem uma muleta

Boias de braço ou coletes infláveis podem dar uma falsa sensação de segurança para você e seu filho.

Prefira coletes salva-vidas aprovados pela Guarda Costeira dos EUA, especialmente em lagos, rios e piscinas desconhecidas.

A Dra. Denny comenta: “Sei que alguns pais evitam coletes pensando que atrapalham a aprendizagem da natação. Mas a lei federal exige seu uso para crianças abaixo de 13 anos em atividades náuticas.”

Proteja piscinas com cercas em todos os lados

Essa é a medida preventiva mais comprovada para crianças pequenas.

A cerca deve ter pelo menos 1,2 metro de altura e separar totalmente a piscina da casa.

Os portões precisam ser autolock e de fechamento automático.

Em aluguéis de temporada, não confie na segurança automática. Verifique o acesso à piscina e pergunte sobre cercas, portões e alarmes.

Instale alarmes nas portas e use trancas no banheiro

Alarmes nas portas alertam se uma criança sair sem ser notada.

Trancas no vaso sanitário, remoção do ralo da banheira e manter portas do banheiro fechadas ajudam a evitar acidentes dentro de casa.

Aprenda RCP e certifique-se de que babás também saibam

O RCP imediato pode salvar vidas. Cursos são oferecidos pela Cruz Vermelha e Associação Americana do Coração.

A Dra. Denny destaca: “Quem tem piscina deve saber RCP. Dados mostram que iniciar RCP rapidamente melhora muito as chances de sobrevivência após um afogamento.”

Detalhes importantes que muitos esquecem

  • Esvazie piscinas infantis e baldes logo após o uso.
  • Não deixe irmãos mais velhos supervisionarem as crianças pequenas.
  • Desmistifique mitos como o “afogamento seco”: o afogamento é um processo que acontece no momento, não horas depois.
  • Ensine adolescentes, principalmente meninos, a reconhecer os riscos. Eles têm 10 vezes mais chances de se afogar devido a comportamentos arriscados.

Não se trata de culpa, mas de apoio

Todo pai quer o melhor para seus filhos. É assustador saber o quão rápido o afogamento pode acontecer. Mas a boa notícia é que a maioria dos casos pode ser evitada.

Com conscientização, preparo e múltiplas camadas de proteção, você pode transformar a água em um lugar seguro e divertido para sua família.

E aquele momento em que você virou as costas? Vamos garantir que ele não custe tudo.

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