Por que esperar para dar o primeiro banho no bebê pode ser benéfico

Publicado por Bianca Andrade em 04/10/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.

Nutricionista Gabrielle Mattos Tavares compartilha experiência de esperar 20 dias para dar o primeiro banho no bebê, debatendo cuidados naturais, cultura e ciência na maternidade.

A nutricionista Gabrielle Mattos Tavares, de 28 anos, natural de Foz do Iguaçu, Paraná, chamou a atenção nas redes sociais ao compartilhar sua experiência única sobre cuidados com recém-nascidos. Ela esperou 20 dias para dar o primeiro banho em seu filho, Alexandre, decisão que gerou amplo debate nacional envolvendo tradição, ciência e práticas culturais de higiene infantil.

Linha integrativa e a decisão de adiar o banho

Gabrielle adota uma abordagem integrativa que valoriza o entendimento natural e preventivo do corpo, procurando evitar o uso excessivo de produtos químicos e procedimentos desnecessários. Sua decisão de adiar o banho baseia-se em pesquisas sobre tradições de comunidades indígenas e africanas, onde o vérnix caseoso — a substância branca que cobre a pele do bebê — é preservado por mais tempo devido às suas propriedades protetoras.

Ela revela que não foi uma escolha simples, já que o banho costuma ser um momento de relaxamento e sono para o bebê. Para higienizar, usavam lenços de algodão puro, chá de camomila e óleo de coco para limpar as dobrinhas, criando um ritual diário. Apesar do banho ser prático e prazeroso, Gabrielle optou por esperar para preservar o vérnix. Até as enfermeiras da maternidade apoiaram sua decisão, destacando que seria benéfico se mais mães adotassem essa prática.

O banho diário é realmente necessário?

A postagem de Gabrielle que originou o debate surgiu dos stories em que ela compartilhou sua rotina e o tempo de espera para o primeiro banho. Seu conteúdo ultrapassou seu público habitual, alcançando diversas opiniões, desde críticas até identificação com a prática. A nutricionista observa que o debate girou em torno de cuidado e cultura, mostrando que o tema é multifacetado e envolve diferentes perspectivas.

Importância do vérnix para o bebê

A pediatra e neonatologista Mônica Carceles Fráguas, do Hospital e Maternidade Pro Matre, explica que o vérnix caseoso tem papel fundamental nos primeiros dias de vida do bebê. Ele atua como uma barreira protetora da pele, ajudando a manter a temperatura corporal e a hidratação natural, além de diminuir o risco de hipotermia e ressecamento cutâneo. Ainda, estudos sugerem que o vérnix pode ter propriedades antimicrobianas, embora sejam necessárias pesquisas adicionais para comprovar esses efeitos.

Sobre o momento ideal para o primeiro banho, a médica destaca que a Organização Mundial da Saúde (OMS) recomenda que ele seja adiado por pelo menos 24 horas após o nascimento. Em algumas culturas, a espera mínima é de cerca de seis horas. Banhos muito precoces podem levar à queda da temperatura corporal e dificultar a amamentação imediata, porém não há indicações científicas para postergar o banho por mais de um dia.

Experiência positiva e cuidados naturais

Gabrielle relata que, durante os 20 dias sem banho, a pele do filho permaneceu protegida, sem sinais de assaduras ou odores desagradáveis. Quando finalmente deu o banho, optou por usar apenas sabão de Castela, feito à base de azeite de oliva, livre de fragrâncias químicas ou derivados de petróleo. O bebê demonstrou gostar da água, e a mãe não se arrepende da decisão tomada.

Riscos em adiar o banho além do recomendado

A pediatra alerta que prolongar o período sem banho além do recomendado não é considerado perigoso, mas também não apresenta benefícios comprovados. Existe uma possibilidade teórica de maior risco de irritações ou infecções cutâneas, por isso é fundamental encontrar um equilíbrio entre a higiene e a preservação do vérnix, seguindo sempre as orientações médicas fundamentadas em pesquisas.

Reflexões sobre cuidados e cultura

Gabrielle planeja continuar com os cuidados naturais, evitando produtos com perfumes, shampoos e sabonetes que contenham substâncias químicas agressivas. Para ela, menos é mais, e o bebê precisa apenas do essencial para manter a pele saudável e protegida.

Sua história trouxe reflexões para muitas famílias, incentivando o resgate de práticas naturais aliadas às orientações médicas baseadas em evidências científicas. A pediatra reforça que o ideal é preservar o vérnix, adiar o banho inicial por pelo menos 24 horas e, posteriormente, seguir a rotina de higiene conforme a cultura, clima e saúde de cada bebê.

Gabrielle acredita que sua experiência promoveu um diálogo importante sobre escolhas conscientes na maternidade. Ela reforça que não impõe regras, mas compartilha sua vivência, incentivando cada mãe a buscar informações e decidir o que é melhor para sua família. Para ela, essa prática foi um gesto de respeito ao corpo do filho e à natureza.

Considerações finais

A decisão de adiar o primeiro banho do bebê, como exemplificado pela nutricionista Gabrielle Mattos Tavares, evidencia o valor de integrar ciência, cultura e cuidados naturais na maternidade. O vérnix caseoso desempenha um papel protetor essencial nos primeiros dias de vida, e sua preservação pode contribuir para a saúde e bem-estar do recém-nascido. Embora a recomendação médica seja aguardar pelo menos 24 horas, estender esse período pode ser uma escolha pessoal que requer atenção e equilíbrio.

Este relato abre espaço para que mães e famílias reflitam sobre as práticas tradicionais e as evidências científicas, promovendo decisões informadas e respeitosas ao corpo do bebê. O diálogo entre profissionais de saúde e mães é fundamental para construir uma maternidade consciente e saudável, onde cada escolha é feita com base em conhecimento, cuidado e respeito.

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