Pais da geração Z não querem ler para seus filhos

Com o avanço das gerações, muitas mudanças de comportamento têm sido observadas, especialmente quando o assunto é a forma como os pais se relacionam com os filhos.

Uma pesquisa recente realizada pela HarperCollins Publishers no Reino Unido revelou um dado preocupante: pais da Geração Z não demonstram tanto interesse em ler para seus filhos quanto as gerações anteriores.

Para muitos deles, a leitura em voz alta deixou de ser uma atividade prazerosa e passou a ser encarada como uma obrigação educacional. Mas o que está por trás dessa mudança? E como podemos reverter esse cenário?

O Que a Pesquisa Revela Sobre o Hábito de Leitura

De acordo com o estudo Understanding the Children’s Book Consumer 2024, houve uma queda significativa no número de pais que leem em voz alta para seus filhos. Essa prática, essencial para o desenvolvimento infantil, está em níveis historicamente baixos.

Apesar de comprovadamente ajudar a desenvolver o gosto pela leitura, enriquecer o vocabulário e estimular o desenvolvimento cognitivo, a leitura em voz alta tem sido negligenciada por muitos pais da Geração Z. Isso levanta um alerta importante sobre o futuro da relação das crianças com os livros.

Por Que Pais da Geração Z Estão Evitando a Leitura em Voz Alta

Vários fatores podem explicar o afastamento da Geração Z da prática de ler para os filhos. Essa geração, nascida entre meados dos anos 1990 e o início dos anos 2010, cresceu em um ambiente altamente digitalizado e acelerado, o que pode impactar na forma como encaram atividades mais analógicas, como a leitura tradicional.

Além disso, especialistas apontam que a rotina corrida, o excesso de trabalho, o acúmulo de tarefas domésticas e até a pressão por resultados escolares têm tirado o espaço da leitura por prazer. Muitos pais acabam priorizando atividades que julgam mais “produtivas”, deixando de lado momentos valiosos de conexão com os filhos por meio dos livros.

Os Impactos da Falta de Leitura na Infância

O que muitos pais talvez não saibam é o quão significativa é a leitura em voz alta na infância. Um estudo conduzido por pesquisadores americanos mostrou que crianças que têm contato frequente com a leitura desde cedo escutam até 1,5 milhão de palavras a mais até os cinco anos de idade, em comparação com aquelas que não têm essa vivência.

Essa diferença impacta diretamente na alfabetização, na compreensão de texto e no desempenho escolar futuro. Além disso, a leitura fortalece o vínculo afetivo entre pais e filhos, cria memórias afetivas positivas e estimula a imaginação.

No Brasil, diversas iniciativas públicas e privadas buscam incentivar a leitura desde os primeiros anos. Projetos como o "Leia para uma Criança", do Itaú Social, distribuem livros gratuitos e promovem campanhas de conscientização sobre a importância da leitura na infância.

Como Tornar a Leitura Parte da Rotina da Geração Z

A boa notícia é que, mesmo com todas as dificuldades, é possível — e necessário — resgatar o hábito da leitura. A educadora e especialista em literacia infantil, Wood, sugere que os pais adaptem a leitura à sua realidade, sem pressão.

Não é preciso ler por horas ou seguir um roteiro rígido. Basta separar de 10 a 15 minutos por dia para ler um livro com o filho. Pode ser antes de dormir, após o jantar ou até mesmo no transporte público. O importante é criar um momento de conexão e presença.

Outra dica é envolver as crianças no processo. Deixe que elas escolham os livros, explorem as imagens, façam perguntas. A leitura não precisa ser passiva — ela pode ser uma experiência interativa e divertida.

Os pais também podem recorrer a livros que abordem temas atuais, com linguagem acessível e personagens com os quais seus filhos se identifiquem. A literatura infantil brasileira está cheia de exemplos maravilhosos, como as obras de Ruth Rocha, Ziraldo e Ana Maria Machado.

Considerações Finais

Apesar das mudanças culturais e comportamentais, a leitura em voz alta continua sendo uma ferramenta poderosa para o desenvolvimento infantil. Pais da Geração Z enfrentam inúmeros desafios, mas podem — e devem — encontrar formas de manter esse hábito vivo em suas rotinas.

Ler para uma criança é mais do que um ato educativo: é uma demonstração de cuidado, atenção e afeto. Mesmo que por poucos minutos por dia, esse momento pode transformar a infância e o futuro dos pequenos.

Em um mundo cada vez mais digital e acelerado, pausar para compartilhar uma história pode ser exatamente o que precisamos para fortalecer laços e cultivar mentes criativas e saudáveis.