Mãe, atleta e vencedora: como Stephanie Case correu 100 km amamentando sua filha

Publicado por Luana Oliveira em 28/05/2025. • Tempo de leitura: ~6 minutos.

Conciliar a maternidade com a vida pessoal e profissional é um desafio constante para muitas mulheres. Cuidar de um bebê, lidar com o cansaço físico e emocional e, ainda assim, manter vivas as paixões pessoais, parece uma missão quase impossível.

Conciliar a maternidade com a vida pessoal e profissional é um desafio constante para muitas mulheres. Cuidar de um bebê, lidar com o cansaço físico e emocional e, ainda assim, manter vivas as paixões pessoais, parece uma missão quase impossível.

No entanto, algumas histórias inspiram e mostram que é possível trilhar caminhos diferentes. A ultramaratonista Stephanie Case é um desses exemplos. Aos 43 anos, seis meses após dar à luz sua filha Pepper, ela encarou uma das corridas mais desafiadoras do mundo, amamentando durante o percurso e, surpreendentemente, cruzando a linha de chegada em primeiro lugar.

Uma Mãe Em Movimento

Enquanto muitas mães enfrentam rotinas exaustivas entre fraldas, mamadas e noites mal dormidas, Stephanie decidiu enfrentar o Ultra-Trail Snowdonia, uma corrida de 100 quilômetros no País de Gales. Mais do que uma competição, o evento se tornou um marco pessoal para a atleta, que estava afastada das corridas há três anos devido a um difícil processo de fertilidade, abortos espontâneos e, por fim, à gravidez.

Apesar de largar 30 minutos depois das líderes, Stephanie não se deixou abalar. Seu objetivo não era a vitória, mas sim redescobrir a paixão pela corrida. Em suas palavras: “Meu único objetivo era realmente me livrar da poeira, tentar me divertir e encontrar novamente o amor pela corrida.” O amor pela filha e pela corrida caminharam juntos — literalmente.

Amamentar e Correr: Realidade Possível

Durante o percurso, Stephanie fazia pausas estratégicas para amamentar sua filha nos pontos de apoio da prova. Seu companheiro, John Roberts, a esperava em cada estação com a pequena Pepper nos braços. Nessas paradas, a prioridade era o bem-estar da bebê. Alimentação da mãe, troca de equipamentos e descanso ficaram em segundo plano.

Curiosamente, mesmo com essas pausas para amamentar, Stephanie foi mais rápida nos postos de verificação do que suas concorrentes diretas. Isso mostra que dedicação à maternidade e alta performance não são excludentes. É possível adaptar a realidade e seguir adiante com os objetivos, mesmo que o ritmo seja diferente do que antes da maternidade.

Quebrando Padrões e Inspirando Outras Mulheres

As imagens de Stephanie amamentando durante a ultramaratona circularam o mundo pelas redes sociais, despertando admiração e surpresa. Muitos a consideraram uma pioneira por levar a maternidade para dentro do universo esportivo de forma tão natural. Mas a atleta rapidamente minimizou os elogios: “Eu não sou extraordinária. Eu tive um bebê, corri uma corrida. Deveria ser uma coisa totalmente normal.”

A fala de Stephanie revela algo profundo: ainda existem muitos estigmas em torno do que se espera de uma mãe. No ambiente esportivo — e também em outras esferas da sociedade — ainda há pouca abertura para compreender que a maternidade pode coexistir com sonhos pessoais. A pressão social para que a mulher se dedique exclusivamente aos filhos é, muitas vezes, injusta e limitadora.

O Papel da Rede de Apoio e da Empatia

Stephanie também destacou a importância do apoio de seu parceiro e da equipe da corrida. Ter com quem contar faz toda a diferença para que uma mãe possa se sentir segura e capaz de trilhar novos caminhos, mesmo em situações adversas. Ela ainda afirmou: “Se fôssemos mais solidários com as mães na corrida de todas as maneiras — seja descansando, retornando ao esporte ou qualquer coisa intermediária — veríamos mais compaixão e menos julgamento.”

Essa fala ecoa uma necessidade urgente de mudança de mentalidade. O apoio à maternidade deve ir além do discurso. Seja no esporte, no trabalho ou na vida cotidiana, é fundamental criar ambientes empáticos, que não julguem as escolhas das mulheres, mas que as amparem e encorajem.

Uma Lição de Coragem Para Mães Brasileiras

O exemplo de Stephanie Case pode parecer distante da realidade de muitas mães brasileiras, que enfrentam desafios diários com menos estrutura, tempo e recursos. No entanto, a lição que ela deixa é universal: não é preciso abrir mão dos sonhos para ser mãe. Muitas mulheres, mesmo com todas as dificuldades, encontram formas criativas de se reconectar com suas paixões.

No Brasil, vemos cada vez mais mães retomando projetos pessoais após o nascimento dos filhos, seja voltando a estudar, empreendendo de casa, ou mesmo praticando esportes com os pequenos por perto. Essas histórias precisam ser contadas e valorizadas, pois são elas que inspiram outras mulheres a acreditar que é possível se reinventar após a maternidade.

Considerações Finais

A história de Stephanie Case não é apenas sobre uma vitória em uma corrida de 100 km. É sobre a vitória da autonomia, da paixão, do amor e da força feminina. É sobre desafiar padrões e provar que a maternidade não precisa ser um limite, mas sim um impulso para novas conquistas.

Para mães e gestantes brasileiras, essa narrativa serve como um convite à reflexão: quais paixões você deixou de lado por achar que não havia espaço na rotina materna? E se fosse possível conciliá-las com amor e presença? Stephanie mostrou que é. E muitas outras mulheres também podem.

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