Fertilização in vitro: os impactos emocionais, financeiros e conjugais
Publicado por Significado do Nome em 28/05/2025. • Tempo de leitura: ~5 minutos.
Para quem já percorreu o caminho da fertilização in vitro (FIV), não é surpresa que o impacto do processo vá muito além do bolso. Embora o custo financeiro seja, de fato, significativo e muitas vezes subestimado, os efeitos emocionais, psicológicos e até mesmo relacionais dessa jornada podem ser ainda mais profundos e duradouros.
Para quem já percorreu o caminho da fertilização in vitro (FIV), não é surpresa que o impacto do processo vá muito além do bolso. Embora o custo financeiro seja, de fato, significativo e muitas vezes subestimado, os efeitos emocionais, psicológicos e até mesmo relacionais dessa jornada podem ser ainda mais profundos e duradouros.
Um estudo recente da Maven Clinic, reconhecida como uma das maiores clínicas virtuais especializadas em saúde da mulher e da família, reforça essa realidade ao revelar dados preocupantes e, ao mesmo tempo, reveladores.
Os impactos da FIV na vida dos casais
O relatório da Maven Clinic traz à tona a complexidade da experiência vivida por quem recorre à fertilização in vitro. Entre os dados mais marcantes, destacam-se:
- 85% das mulheres disseram se sentir apoiadas por seus parceiros;
- 65%, no entanto, relataram que a responsabilidade do tratamento recaía quase exclusivamente sobre elas;
- 46% não estavam preparadas para os custos adicionais e inesperados durante o processo;
- 59% precisaram assumir trabalho extra para cobrir as despesas com fertilidade;
- Mais da metade afirmou que os desafios afetaram negativamente o relacionamento, e 11% disseram que isso resultou no fim da relação;
- Quase todos relataram algum tipo de impacto na saúde mental durante os tratamentos.
Esses números evidenciam não apenas o peso emocional que a FIV pode trazer, mas também a desigualdade percebida por muitas mulheres no que se refere à divisão das responsabilidades. Em muitos casos, o parceiro está presente, mas a carga simbólica, emocional e física ainda recai principalmente sobre a mulher.
Estresse financeiro: um fardo silencioso
O tratamento de fertilidade pode exigir investimentos elevados, muitas vezes fora do orçamento familiar. O fator financeiro se torna uma fonte constante de tensão, principalmente quando o casal não está alinhado sobre quanto está disposto a investir ou quando um dos parceiros começa a sentir que os riscos superam os possíveis ganhos.
Como explica a psicoterapeuta Qu'Nesha Sawyer, os casais podem ter diferentes níveis de tolerância ao risco financeiro. Um pode estar disposto a gastar o que for necessário para ter um filho, enquanto o outro se preocupa com o impacto dessa decisão na estabilidade futura.
Essa disparidade, se não for abordada com empatia e comunicação aberta, pode gerar ressentimentos e conflitos sérios.
O peso emocional da tentativa
Além dos gastos financeiros, há o desgaste emocional. O tratamento de fertilidade envolve esperanças, frustrações, incertezas e muitas vezes uma sequência dolorosa de tentativas e falhas.
Esse ciclo pode gerar esgotamento emocional e físico. A endocrinologista reprodutiva Jenna Turocy destaca que, em muitos casos, um dos parceiros continua nutrindo esperança enquanto o outro já está emocionalmente exaurido, o que pode criar um abismo difícil de transpor na relação.
A cada novo ciclo, renova-se a expectativa. E a cada resultado negativo, a dor se aprofunda. Essa montanha-russa emocional impacta não apenas o casal, mas também o convívio social, o desempenho no trabalho e a autoestima dos envolvidos.
Como enfrentar a FIV juntos
Apesar dos desafios, é possível atravessar essa jornada de forma mais equilibrada e saudável. Especialistas recomendam algumas atitudes essenciais para manter a união e o bem-estar durante o processo de FIV:
- Comunicação constante: manter conversas abertas e sinceras sobre sentimentos, expectativas e medos é fundamental;
- Presença mútua: estar disponível emocionalmente e fisicamente para o outro ajuda a reforçar a parceria;
- Cuidado com a saúde mental: ambos os parceiros devem dar atenção às próprias emoções e buscar suporte quando necessário.
Dr. Sawyer enfatiza que cuidar da saúde emocional individual é uma forma de proteger o relacionamento. Isso pode significar buscar ajuda psicológica, fazer terapia de casal ou simplesmente reservar momentos para descansar e se reconectar como parceiros além do projeto da parentalidade.
Considerações finais
A fertilização in vitro é um processo repleto de nuances emocionais, financeiras e relacionais. Muitas vezes idealizada como um caminho direto para a realização do sonho de ter filhos, ela pode, na prática, representar uma jornada longa e desafiadora. Reconhecer os impactos além do aspecto médico — como o desgaste emocional, o estresse financeiro e a dinâmica conjugal — é essencial para que os casais enfrentem esse momento com mais preparo, empatia e união.
É preciso romper o silêncio sobre os efeitos colaterais emocionais da FIV e criar espaços de escuta, acolhimento e suporte para quem vive essa realidade. Buscar ajuda profissional não é sinal de fraqueza, mas de coragem e cuidado mútuo. Com diálogo, apoio e atenção à saúde mental, é possível atravessar esse percurso com mais leveza e fortalecer ainda mais o vínculo entre os parceiros.
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