Cuidados com a pele para crianças no TikTok: riscos e orientações para pais

As redes sociais se tornaram uma fonte popular de informações e tendências, especialmente entre crianças e adolescentes. Um novo estudo revela um dado preocupante: 31% dos vídeos de cuidados com a pele no TikTok são feitos por crianças com menos de 13 anos.

Esses vídeos, que mostram rotinas de beleza elaboradas, muitas vezes promovem o uso de produtos com ingredientes potencialmente irritantes, além de reforçarem padrões de beleza irreais e prejudiciais.

O estudo sobre cuidados com a pele no TikTok

Para entender melhor o impacto dessas tendências nas crianças, pesquisadores criaram contas no TikTok simulando ter 13 anos e analisaram a aba "Para Você", onde são recomendados vídeos com base no perfil do usuário.

Foram examinados 100 vídeos feitos por crianças, muitas ainda no ensino fundamental, exibindo suas rotinas diárias de cuidados com a pele.

O estudo, publicado na revista Pediatrics e conduzido por especialistas como Molly Hales, PhD, da Northwestern University, destacou que os produtos usados continham em média 11 ingredientes ativos potencialmente irritantes, com o ácido cítrico sendo o mais comum.

Além disso, muitos produtos aumentavam a sensibilidade ao sol, e apenas 25% das rotinas incluíam o uso de protetor solar.

As rotinas também eram caras e complexas, com cerca de seis produtos por vídeo, custando em média 168 dólares, e algumas chegando a 14 produtos, totalizando até 500 dólares. Alguns vídeos mostravam crianças acordando às 5 da manhã para seguir essas rotinas rigorosas.

Quais ingredientes os adolescentes devem evitar

Embora alguns ingredientes, como ácidos cítrico, láctico, glicólico e salicílico, sejam conhecidos por seus efeitos anti-idade e esfoliantes químicos suaves, eles podem ser prejudiciais para a pele jovem sem problemas específicos como acne ou manchas solares.

Especialistas alertam que o uso de exfoliantes fortes, como ácidos glicólico e salicílico em altas concentrações, pode causar irritação significativa. Produtos com muitas fragrâncias ou óleos essenciais também podem desencadear alergias ou sensibilidades prolongadas.

A dermatologista Kristin Baird recomenda uma rotina simples: um limpador suave, hidratante e protetor solar diário. Ela ressalta que não é necessário seguir rotinas elaboradas de 10 passos e que, em caso de dúvidas, um dermatologista deve ser consultado antes de adotar qualquer tendência.

Os riscos dos padrões de beleza promovidos nas redes sociais

Além dos riscos físicos, os vídeos promovem padrões de beleza irreais que podem afetar a autoestima das crianças. Imagens de influenciadores jovens, magros e com pele perfeita criam expectativas difíceis de alcançar.

O perfeccionismo exagerado pode levar pré-adolescentes a se culparem por imperfeições naturais, como uma espinha pequena, gerando um padrão impossível de beleza. Além disso, há uma associação preocupante entre beleza e consumo, com rotinas caras e complexas.

Outro ponto importante é a nuance racial presente nos vídeos, que frequentemente valorizam a pele mais clara como ideal, usando termos como "brilho" para descrever a aparência desejada. Pesquisadores planejam investigar mais profundamente as diferenças de percepção da beleza entre grupos raciais.

Orientações para os pais sobre cuidados com a pele e o uso das redes sociais

Para os pais, é fundamental monitorar o acesso das crianças às redes sociais, especialmente antes dos 13 anos, idade recomendada para o uso dessas plataformas. Caso a criança demonstre interesse em cuidados com a pele, é aconselhável permitir apenas o uso de produtos simples e seguros, como limpadores e hidratantes suaves sem fragrância e protetor solar mineral com FPS 30 ou mais.

Manter um diálogo aberto e sem julgamentos é essencial. Pergunte ao seu filho o que ele gosta nas tendências, o que viu ou ouviu e o que espera alcançar com a rotina de cuidados. Explique que nem tudo que aparece online é seguro ou cientificamente comprovado, principalmente para peles jovens.

Reforce que o uso excessivo de produtos agressivos pode causar danos à pele. E, sempre que houver dúvidas, buscar a orientação de profissionais de saúde, como pediatras e dermatologistas, é a melhor decisão para garantir cuidados personalizados e seguros.

Considerações finais

O estudo destaca uma realidade importante: crianças e pré-adolescentes estão cada vez mais expostos a tendências de cuidados com a pele nas redes sociais, muitas vezes sem o devido conhecimento dos riscos envolvidos.

Produtos com ingredientes irritantes, rotinas complexas e padrões de beleza inalcançáveis podem prejudicar tanto a saúde da pele quanto a autoestima dos jovens.

Para as mães e gestantes brasileiras, entender esses desafios é fundamental para orientar seus filhos de forma consciente e segura. Limitar o acesso às redes sociais, incentivar rotinas simples e saudáveis, e manter o diálogo aberto são estratégias que ajudam a proteger a saúde física e emocional das crianças.

Lembre-se: a beleza real está na saúde e no bem-estar, não em padrões irreais ou produtos caros. Priorize sempre o cuidado responsável e informado para que seus pequenos cresçam confiantes e felizes.