Como o estresse durante a gravidez pode influenciar o microbioma do bebê
Publicado por Bianca Andrade em 31/07/2025. • Tempo de leitura: ~6 minutos.
O estresse na gravidez pode alterar o microbioma do bebê, influenciando sua saúde física e mental. Saiba como a alimentação, o descanso e o apoio emocional ajudam a proteger mãe e filho.
O estresse durante a gravidez é um fator que vai muito além da mãe, podendo afetar diretamente o desenvolvimento e a saúde do bebê. Estudos recentes mostram que a experiência de estresse vivida pela gestante não se restringe ao seu próprio corpo, mas tem impacto no microbioma do bebê, influenciando seu corpo, cérebro e bem-estar futuro. O microbioma, conjunto de microrganismos que habitam nosso organismo, é essencial para o funcionamento de diversos sistemas do corpo e pode ser alterado pelo estresse materno.
O que é o microbioma e sua importância na gestação
O microbioma é uma comunidade complexa de bactérias, vírus e fungos que vivem em várias partes do corpo, principalmente no intestino, e que desempenham papéis fundamentais na saúde geral. Durante a gravidez, o microbioma da mãe sofre alterações naturais para preparar o bebê para o nascimento e o início da vida fora do útero. A transmissão desses microrganismos ocorre principalmente no parto, por meio do canal vaginal, e posteriormente pelo leite materno. Essa transmissão é fundamental para a formação do sistema imunológico e para o desenvolvimento saudável do bebê.
Como o estresse altera o microbioma materno e impacta o bebê
De acordo com a Psychology Today, o estresse durante a gravidez altera a produção de hormônios, como o cortisol, que podem modificar os microrganismos intestinais da mãe. Essas alterações no microbioma materno são transmitidas ao bebê, influenciando sua composição microbiana inicial. Pesquisas indicam que essa herança microbiana tem um papel tão importante quanto a herança genética, afetando não só a saúde física, mas também a saúde mental da criança.
Um estudo realizado em 2025 com ratos como modelo para a gravidez humana evidenciou que o estresse crônico na mãe resultou em filhotes com uma assinatura microbiana diferente, associada a comportamentos de depressão a longo prazo. Além disso, quando esses microrganismos foram transferidos para outros ratos, os receptores também apresentaram comportamentos depressivos, sugerindo uma ligação direta entre o estresse materno, alterações no microbioma e saúde mental dos filhos.
Embora não seja ético submeter gestantes humanas a estresse em laboratório, estudos observacionais mostram tendências semelhantes. Pesquisadores da Universidade de Pittsburgh descobriram que gestantes com altos níveis de estresse tinham mais chances de dar à luz crianças que posteriormente apresentaram sintomas de Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e agressividade, efeitos que persistiram até a adolescência.
Como proteger a saúde mental e o microbioma durante a gravidez
É importante destacar que essas descobertas não devem ser usadas para culpar as mães, mas sim para conscientizar sobre a importância de um ambiente saudável e de apoio para a gestação. O objetivo é que famílias, parceiros, comunidades e sistemas de saúde estejam atentos e ofereçam suporte adequado às gestantes.
Especialistas recomendam algumas estratégias para manter a tranquilidade da mãe e promover um microbioma saudável, beneficiando tanto a mãe quanto o bebê:
- Alimentação rica em fibras: Consumir alimentos como feijões, lentilhas, frutas vermelhas, cebola, alho, aspargos e alimentos fermentados, como iogurte, kefir e kimchi, ajuda a manter o microbioma equilibrado e pode proteger contra os efeitos do estresse.
- Priorizar o descanso: O sistema nervoso e o microbioma estão interligados, portanto, momentos de descanso e relaxamento, como sonecas e atividades leves, são essenciais para o equilíbrio da gestante.
- Estabelecer limites: Durante a gravidez, é fundamental criar limites físicos e emocionais para evitar sobrecarga, estresse no trabalho, obrigações sociais e conselhos indesejados. Pedir ajuda, delegar tarefas e dizer "não" são atitudes importantes para a saúde mental da mãe e do bebê.
A importância da rede de apoio para a gestante
Além das estratégias individuais, é fundamental que o entorno da gestante ofereça suporte emocional e prático. Pesquisas indicam que mães negras e mães de baixa renda enfrentam mais estresse crônico devido a desigualdades sociais e dificuldades no acesso a cuidados adequados. Portanto, proteger a tranquilidade da gestante é uma responsabilidade coletiva que envolve parceiros, familiares, amigos, comunidades e políticas públicas.
Apoiar emocionalmente uma gestante, oferecendo segurança e reduzindo seu estresse, é uma forma valiosa de cuidar não só dela, mas também do bebê, influenciando positivamente a saúde da próxima geração.
Considerações finais
O estresse durante a gravidez pode influenciar significativamente o microbioma do bebê, impactando sua saúde física e mental ao longo da vida. Entender essa conexão reforça a importância de criar um ambiente saudável, equilibrado e acolhedor para a gestante. Pequenas mudanças no estilo de vida, alimentação adequada, descanso e limites claros, aliados a uma rede de apoio sólida, são essenciais para proteger a saúde da mãe e do bebê. Assim, garantir o bem-estar emocional da gestante é investir no futuro da criança e de toda a família.
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