A solidão na maternidade moderna e a busca por apoio

Publicado por Laura Liz Andrade em 22/07/2025. • Tempo de leitura: ~4 minutos.

O relatório do Peanut revela que 82% das mães sentem solidão, destacando a falta de apoio presencial e o afastamento da família. Apesar dos desafios, mães estão criando novas formas de comunidade e ressaltam a importância de normalizar o pedido de ajuda.

A maternidade, apesar de ser retratada como uma experiência perfeita nas redes sociais, enfrenta uma realidade preocupante marcada pela solidão. Um recente relatório do aplicativo Peanut revela dados alarmantes sobre a sensação de isolamento que muitas mães da geração Millennial e Gen Z experimentam. Esse sentimento de solidão surge em um contexto onde a promessa de uma comunidade acolhedora parece estar cada vez mais distante, deixando muitas mulheres enfrentando a maternidade sozinhas.

Dados que mostram a profundidade da solidão materna

O estudo "Para onde foi a vila?" realizado pelo Peanut ouviu 2.250 mães e trouxe números que evidenciam essa realidade: 82% das mães relatam sentir solidão; 50% choram semanalmente devido à falta de apoio; quase 90% recorrem a conexões digitais em vez de suporte presencial; e apenas 14% vivem perto da família, embora 65% desejem ajuda intergeracional. Esses dados indicam um colapso no suporte comunitário tradicional que costumava auxiliar as mães em sua jornada.

Uma mãe usuária do Peanut compartilhou: “Se alguém tivesse me procurado logo após o parto, teria feito toda a diferença.” Outra comentou: “Uma amiga mãe para quem eu pudesse mandar uma mensagem dizendo ‘isso está difícil’ sem vergonha.” Essas declarações reforçam o quanto a rede de apoio é essencial e, muitas vezes, inexistente.

A transformação da vila tradicional e suas consequências

Especialistas afirmam que nunca antes na história se esperou tanto da família nuclear, especialmente das mães, sem o apoio de avós, tios e vizinhos. A vila tradicional, composta por esses membros da comunidade, se fragmentou, deixando as mães mais isoladas e dependentes de recursos digitais para enfrentar os desafios da maternidade.

O relatório aponta que fatores como o adiamento da maternidade, vidas em constante mudança, rotinas de trabalho exaustivas e as consequências da pandemia intensificaram esse isolamento. O afastamento físico da família, com apenas 14% das mães vivendo perto de seus parentes, contrasta com o desejo de 65% de contar com apoio intergeracional.

Embora a maternidade seja valorizada culturalmente, os sistemas sociais e institucionais não refletem essa valorização na prática. A falta de alternativas quando escolas fecham e a ausência de políticas de trabalho flexível contribuem para a sobrecarga das mães, que ainda são as principais responsáveis por manter o funcionamento da família.

Novas formas de construir a vila

Apesar dos desafios, as mães estão criando novas formas de apoio e comunidade. Grupos de exercícios com carrinho, encontros em bibliotecas e grupos de WhatsApp tornaram-se espaços essenciais para troca de experiências e acolhimento. Essas comunidades, presenciais e virtuais, mostram que a necessidade de conexão permanece viva, mesmo que a estrutura da vila tradicional tenha mudado.

O chamado à ação para a sociedade

O relatório do Peanut conclui com um apelo para que se normalize o pedido de ajuda, que ambientes de trabalho sejam transformados para valorizar a parentalidade e que o governo reconheça o cuidado como um trabalho essencial. Pedir apoio não é sinal de fraqueza, mas um ato humano e necessário para a saúde emocional das mães.

Se você é mãe e busca construir sua vila, saiba que compartilhar suas experiências pode ajudar outras mulheres a encontrar seu grupo de apoio. Seja um grupo de brincadeiras, troca de refeições ou até mesmo o compartilhamento de memes à meia-noite, cada forma de comunidade é válida e importante.

Considerações finais

A solidão na maternidade moderna é uma realidade que não pode ser ignorada. Os dados do relatório Peanut evidenciam a necessidade urgente de reconstruir as vilas, adaptando-as às formas atuais de vida e garantindo que as mães tenham o suporte necessário para enfrentar os desafios da maternidade. A construção dessas redes de apoio é fundamental para o bem-estar materno e infantil, e para que a maternidade deixe de ser uma tarefa solitária, tornando-se uma experiência compartilhada e acolhedora.

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